Que comece a festa!
Talvez a principal mudança em relação ao evento do ano passado foi o local onde saímos do parque aquático local para um auditório pertencente à secretaria de Cultura da cidade. Embora o local novo seja relativamente menor do que o antigo, o fácil acesso ao evento e a paisagem nos arredores (o que inclui uma das várias praças e o principal chamariz da cidade, seu lago central) fazem a troca ser justificável.
Em relação às atividades disponíveis ao público, talvez a principal novidade foi um segmento dedicado a homenagear Akira Toriyama e as prévias, tanto de uma ativação a ser realizada na estreia de Deadpool & Wolverine (que já ocorreu e deve ter sido ótima, mas eu não tive a chance de comparecer), como do Caatingeek oficial que irá ocorrer em Outubro desse ano com a participação de Cecília Lemes (Chiquinha, Vovó Gigi, Tsunade...) e Francisco Júnior (Sam Wilson, Aquaman, Sukuna...) (esse eu espero poder ir e torço para que seja tão bom quanto)
O melhor cosplay daquela tarde de acordo com o maior opinador de todos, eu. |
Sound Geek e Paçocando já se colocaram como atividades principais do evento junto com os campeonatos de FIFA e Mortal Kombat, a exibição de AMVs no telão principal (será que eles já exibiram o clássico Gaara vs. Rock Lee ao som de Linkin Park?) e o concurso de cosplays, cujo espectro deste ano variou entre Ghostface, Doug e uma versão masculina e Cruella De Vill que não ficou nem um pouco pra trás da original. Sigo esperando pelo meu campeonato de Just Dance, no entanto.
Nosso primeiro digiescolhido
Enfim, o momento principal daquele domingo foi o bate-papo de 40 minutos com Luiz Sérgio Vieira, que, embora também trabalhe com música, teve seu primeiro contato com o mundo das artes com a dublagem a incentivo do seus próprios pais para fazer um curso de dublagem e fazer os primeiros testes, sendo que seu primeiro papel foi como a 2ª voz do Daniel na versão original de Carrossel.
Por causa dessa experiência prévia, Luiz viveu em primeira mão a transição da indústria da dublagem com o avanço da tecnologia. Ele relatou as vezes em que, a depender da produção, todo o elenco se reunia para realizar a dublagem do dia (algo que o Fábio Lucindo comentou ano passado que também fez em Peixonauta) antes do padrão atual de agendamento de sessões de gravação para a pós-produção em computador.
Icônica demais a abertura da Angélica |
Mais especificamente, ele enfatizou sua experiência em Du, Dudu e Edu porque, por dublar dois personagens diferentes, era sempre uma experiência interessante quando os dois estavam em tela e ele fazia questão de dublar ambos naquele mesmo momento ao invés de duas sessões separadas. Me pergunto como deve ter sido a experiência de ter que responder a sua própria voz.
Talvez minha maior surpresa tenha sido todo o processo que ele relatou para dar voz ao Yondo em Guardiões da Galáxia. Ao invés de fazer um teste, ele foi convidado para o papel, o que, ironicamente, acabou sendo mais complicado do que o teste já que, segundo ele, foi um longo processo com o diretor de dublagem do filme e um representante da própria Disney até receber o OK da empresa.
Em relação ao Tai, é interessante que Digimon foi o primeiro contato do Luiz com uma produção animada mais serializada do que outras animações que ele havia participado, como o já mencionado Du, Dudu e Edu e Yu Yu Hakusho, se referindo ao relativamente baixo número de fillers que o desenho dos monstrinhos virtuais tinha em relação até mesmo àqueles que possuíam arcos narrativos mais consequentes.
Uma pequena conversa
Devido aos conflitos de horário, não tive muito tempo disponível para uma conversa mais aprofundada com Luiz Sérgio, mas as poucas perguntas que eu pude fazer a ele foram certamente esclarecedoras.
Ter, não somente, a perspectiva de alguém de dentro da indústria a respeito de como foi trabalhar em produções de diferentes focos narrativos (já que Du, Dudu e Edu não tem uma continuidade de história tão forte quanto Digimon), como também vivenciar o final dos anos 90 e início dos anos 2000, o embate entre Pokémon e Digimon, Angélica e Eliana, Globo e SBT, é uma das principais curiosidades que tive a respeito da parte de dentro da indústria audiovisual depois da minha conversa com o Fábio Lucindo ano passado.
E a respeito da relação do Luiz com o Tai, imaginei que, embora (por ironia ou não) nem todas as outras produções de Digimon da última década em que o personagem esteve envolvido (vide Adventures Tri, Hunters, o reboot de 2020 do Adventure original e Last Evolution Kizuna) não chegaram ao Brasil, e as que chegaram foram apenas legendadas, o Luiz teria visto algumas delas. Fiquei um pouco surpreso com a negativa, mas, por outro lado, a resposta foi dentro do que estava esperando.
Gostaria de aproveitar esse espaço para agradecer a toda a equipe do Caatingeek, não apenas pelo espaço para conversar, ainda que brevemente, com o Luiz Sérgio, mas também pelo ótimo evento. Eu quero aquela camisa com o brasão da coragem, ficou tão linda!
E que venha Outubro! |