Durante o Caatingeek Tour Triunfo, evento realizado na cidade de Triunfo, sertão de Pernambuco, no domingo 16 de julho, eu tive a chance de passar alguns minutos com Fábio Lucindo, o primeiro dublador do nosso eterno treinador Ash Ketchum. Embora eu não tenha conseguido fazer todas as pergunta que eu havia planejado devido a alguns membros da organização do evento também estarem presentes na sala e estarem engajados na conversa, as respostas que eu obtive devido a essas interações mais do que compensaram as perguntas deixadas de lado.
Fábio Lucindo, cidadão triunfense?
Após os cumprimentos iniciais (e certificar que meu celular estava gravando, porque não queria fazer feio na minha primeira vez entrevistando alguém), indaguei o Fábio se ele já esteve, em outra ocasião, por esses lados do Nordeste brasileiro ou se era sua primeira vez, não só em Triunfo, mas também no chamado Sertão do Cariri, e o que ele estava achando da cidade. Para minha surpresa, não era a primeira vez dele na região, pois ele já esteve em Juazeiro do Norte, interior do Ceará, em uma oportunidade anterior, embora não tenha especificado qual foi a ocasião.
Quanto a Triunfo, pode-se dizer que ele realmente se encantou pelo "Oásis do Sertão", mas a um nível que eu não estava esperando. Ele descobriu o número do WhatsApp da rádio local e mandou mensagem perguntando se havia alguma chance dele fazer algum trabalho de locução ou algum espaço na programação que ele podia preencher.
Ele tinha comentado isso levemente no painel principal do evento, mas eu estava levando isso como uma brincadeira. Eu só fui levar isso a sério quando ele abriu o aplicativo e mostrou a mensagem para mim e os demais presentes. Aí eu descobri que o Fábio já tinha experiência em rádios, não só de São Paulo, como de Coimbra, devido ao período em que esteve em Portugal.
E ele continuamente demonstrava esse entusiasmo pela cidade, comentando que o prefeito foi na praça e levou ele de carro para passear pela cidade, e brincando que, se deixassem, ele transforma o acervo todo biblioteca municipal em audiobook ("Me deixa lendo aí, gravando 3 horas de manhã, 3 horas à tarde. Podia até ser um programa.").
Foi algo tão inesperado que, em determinado ponto, eu só fiquei calado, processando essa informação toda enquanto ele discutia ideias com os outros membros da organização do evento. Considerando que Messias, o idealizador do evento, é um jornalista que tem alguns contatos com algumas emissoras de rádio da região, fico aqui na imaginação se isso não acaba se concretizando...
Fábio e Pokémon, Pokémon e Fábio
O primeiro contato do Fábio com Pokémon foram as notícias falando dos ataques epiléticos causado pelo episódio do Porygon no Japão. Bela primeira impressão. |
16 anos de trabalho. 892 episódios. 18 temporadas. 18 filmes e alguns episódios especiais a mais. Essa foi a contribuição de Fábio Lucindo para o "antigo" Anipoke. Quando questionado se ele consegue apontar um momento em que "caiu a ficha", em que ele percebeu a grandiosidade de Pokémon, do Ash e de seu próprio trabalho como dublador do menino Ketchum, ele afirmou que a ficha ainda não caiu por completo.
Pelo contrário, parece que a "ficha" aumentou com o passar do tempo. Ele até compartilhou uma história de que, quando ele foi para o Japão em 2019, ele postou no Twitter que estava no país e, pouco tempo depois, ele estava passeando por Shibuya sendo guiado por um brasileiro fã de Pokémon. Para ele, são esses encontros, experiências e conversas com as pessoas sobre a franquia que remodelam sua visão, não só a respeito da grandiosidade que Pokémon se tornou na cultura pop, mas também do legado e do impacto da sua participação na franquia.
O Fábio não se incomoda em ainda ser reconhecido como a voz do Ash, mesmo 6 anos depois de ter saído dublagem de Pokémon, nem se sente "dono" do personagem, demonstra entusiasmo em dividir o personagem com o Charles Emmanuel e o Matheus Périsse que, a seu ver, fazem o trabalho com a mesma vontade com que ele fazia.
E, ao contrário do que eu pensava, mesmo quando o Fábio foi morar em Coimbra, ele continuou o trabalho de dublagem por lá. Ele chegou a um acordo com o estúdio, sendo a principal exigência era de ter que ir gravar em Lisboa, a 2h30 de distância. Se eu não estiver errado, os episódios finais da 2ª temporada de XY e o filme 18 (Hoopa e o Duelo Lendário) foram dublados já com o Fábio em Portugal.
Além disso, ele foi pego de surpresa com a saída da dublagem de São Paulo para o Rio. Ele só foi saber disso porque o Charles ligou para ele dizendo que estavam fazendo testes de elenco e se estava tudo bem em fazer o teste pro Ash. Ele se demonstrou mais chateado por causa dos seus colegas de elenco, como o Márcio Araújo (James) e a Isabel de Sá (Jessie), terem perdido seus papéis por causa disso do que ele próprio.
Por último, eu lhe perguntei se, caso lhe fosse oferecida a oportunidade, ele estaria disposto a interpretar o Ash mais uma vez quando ele retornar ao anime (nós bem sabemos que, algum dia, isso vai acontecer). Ele se mostrou muito aberto a ideia, mas também disse que vai depender do estúdio e diretor também. Parece que ele é brigado ).
Poké-perguntas rápidas
Nesse ponto da entrevista, eu só tinha mais 5 minutos disponíveis antes do senhor Lucindo retornar para o saguão principal para a sessão de fotos com os credenciados. Apesar de ter obtido muitas respostas, eu não tinha feito todas as perguntas que eu havia planejado. Então, para finalizar o papo, decidi ir logo para a sequência de perguntas rápidas que eu tinha preparado (o texto em negrito são as respostas do próprio Fábio):
- Primeiro jogo de Pokémon? Yellow.Primeiro inicial? O Pikachu (meio óbvio, só tinha ele nessa versão).
- Inicial favorito no geral?Eu tô num momento da vida mais Squirtle
- Algum lendário favorito?Entrou nessa "pira" de Lendário, já me perdeu. Mas pera, o Entei é lendário?É sim. Então coloca ele.
- Você tem algum Pokémon preferido, no geral? Psyduck, Meowth, Mr. Mime também...
- Só os clássicos... Eu sou do time do 150 [da primeira geração] (risos).
- Você chegou a jogar outros jogos de Pokémon?Eu joguei um pouquinho de Pokémon GO e um pouco de Sword and Shield, mas eu sou péssimo pra jogos. Péssimo.
- Onde você estava quando no dia 14 de Novembro de 2022, quando o Ash ganhou o Campeonato Mundial? Eu tava em casa. Era um dia normal, mas eu recebi um monte de mensagens. E o pessoal falando "você tem que dublar esse episódio", eu queria ter dublado esse episódio, claro. Mas não estava fazendo nada de incrível assim.
- Das sagas do anime que você dublou, você tem alguma preferida? A inicial, sem dúvida.
- Quem que você considera o melhor companheiro de viagem de viagem? O Brock, sem dúvida.
- E companheira... A Misty, né? (risos)
O Brock é comida. Não tem como viajar com alguém que não faz comida.
E a Misty tem a questão da bicicleta, ué. E eu adoro bicicleta pra caramba. - Então deixa eu adiantar, o Gary foi... O melhor rival, o melhor antagonista.E eu gosto muito do Rodrigo Andreatto, que dubla ele.
Sonhos se realizam
Dizer que essa entrevista, que mais pareceu um bate-papo, foi o melhor momento daquela tarde, seria um eufemismo. Em 6 anos como redator, eu sequer havia sonhado que isso iria acontecer algum dia.
Mas o autógrafo que o Fábio fez no meu desenho do Ash e do Pikachu, assim como ele receber uma outra cópia do desenho com uma mensagem minha de agradecimento no verso, foi o verdadeiro ápice daquele evento. Algo surreal, para falar o mínimo.
Fica aqui a esperança de que, caso tudo dê certo, eu possa representar o GeekBlast também no evento principal do ano, a 3ª edição do Caatingeek, que ocorrerá em Novembro. Quem sabe eu também não consigo alguns minutos com a Úrsula Bezerra e/ou o Jorge Lucas, hein?