Quando anunciaram que sairia mais um filme de Transformers, desta vez baseado na série Beast Wars, houve duas divisões: quem tinha esperanças que o filme seguisse mais o desenho, e quem achava que seria mais uma patacoada.
Após assistir ao filme, posso afirmar que o filme consegue se distanciar um pouco dos anteriores, porém não chega a lembrar os desenhos.
Iniciada em 2007, a série de filmes dos robôs gigantes que viram carros já esta em seu 7 filme (5 da série principal, Bumblebee e agora o sétimo) e ao longo destes 16 anos, o único que conseguiu chegar perto do foram os desenhos foi o filme solo do nosso robô amarelo.
Sinopse
Uma nova ameaça capaz de destruir todo o planeta surge fazendo com que Optimus Prime e os Autobots se unam a uma poderosa facção de Transformers conhecida como Maximals para salvar a Terra.
Transformers: O despertar das feras se passa em 1994, sete anos depois da aventura solo de Bumblebee. Presos na Terra desde a década anterior, os Autobots - liderados por Optimus Prime (Peter Cullen em inglês, Guilherme Briggs na versão dublada em português) - buscam uma forma de retornar ao seu planeta natal, Cybertron. É quando Elena (Dominique Fishback), a estagiária de um museu, ativa sem querer uma chave de transdobra, que pode levar os Transformers de volta para casa.
Prime e seus Autobots se reunem para resgatar a chave, mas eles não sabem que a ativação também chamou a atenção dos Terrorcons - robôs malignos que não aparecem nas histórios de Beast wars, porém há milênios destruíram o planeta de origem dos Maximals, que são derivados dos próprios Autobots e que esconderam a chave aqui na Terra. Liderados por Scourge (voz original por Peter Dinklage), os vilões querem trazer para cá o seu mestre, Unicron (Colman Domingo), um ser gigantesco que devora mundos (te fez lembrar de Galactus também?), vilão apresentado no primeiro filme da franquia.
Enquanto isso, Noah (Anthony Ramos) se envolve na história por mero acaso, uma tentativa de roubar o Autobot Miragem bem no momento em que ele é convocado por Optimus Prime para se reunir, acaba fazendo o humano estar no lugar errado na hora errada.
O filme acabou ficando muito cheio de elementos e nem chega a focar no que se propõe, apresentar os Maximals e nem ao menos menciona os Predacons, vilões da série que deveria ser onde a história se baseou. Para piorar, o final tem um gancho audacioso com a missão de ser o próximo passo no estabelecimento de um “universo da Hasbro nos cinemas''.
A série animada
Beast Wars é uma série animada que cativou gerações de fãs ao redor do mundo. Lançada em 1996 e com 4 temporadas, a série foi uma continuação do universo Transformers e apresentou uma abordagem inovadora, trazendo Autobots e Decepticons na forma de animais robóticos. Ao longo das temporadas, Beast Wars conquistou o coração dos fãs com sua narrativa envolvente, personagens memoráveis e animação inovadora para a época.
A história se passa 300 anos a frente do período da série original e os Autobots e Decepticons evoluíram para formas biomecânicas após o evento conhecido como “O Grande Upgrade”. Adotando os novos nomes Maximals e Predacons, respectivamente, os grupos rivais seguiam travando uma batalha feroz pelos cristais de Energon, a força vital de todo o maquinário Transformers.
Apesar da nova trama, eram os mesmos personagens, em um novo planeta. Os conflitos permaneciam o mesmo e a dublagem brasileira mais uma vez arrasava.
Beast Wars apresentou uma gama diversificada de personagens que rapidamente se tornaram queridos pelos fãs. Liderados pelo Optimus Primal e pelo Megatron, os Maximals e Predacons lutaram pelo controle do futuro, trazendo consigo suas personalidades distintas e motivações complexas. Personagens como Rattrap, Cheetor, Dinobot e Waspinator se destacaram como favoritos do público, cada um com suas próprias histórias de crescimento e desenvolvimento ao longo da série.
Nada disso é mostrado na trama que chega aos cinemas. Embora tenhamos novos personagens, destaque para Mirage que é um carrão muito divertido e tem uma relação muito bacana com o personagem
Inovações que o filme traz
Um dos acertos do filme é trazer mais diversidade. Sai os protagonistas brancos sem nada de especial e entram protagonistas latino e negra inteligentes.
Era a oportunidade de fazer outra história. Com uma vibe mais divertida, na mesma linha que teve Bumblebee. No entanto o filme toma um rumo à la Independence Day combinado com Indiana Jones e os 127 minutos de duração parecem uma eternidade.
As gravações no Peru são um dos pontos altos do filme, que apresenta também um Autobot com sotaque. Embora seja estranho ver aqueles carros enormes nas apertadas e íngremes ruas de Cusco, as cenas pelos telhados da cidade e os aéreos em Machu Picchu são incríveis, embora em nem imagine como um avião poderia estacionar por ali, sendo esse um dos momentos em que a suspensão de descrença passou longe para mim, que já estive ali.
Veredito sobre O despertar das feras
Demorei um pouco para perceber que estava vendo o filme dublado no cinema (normalmente as sessões de imprensa de live-action são legendadas), acho que principalmente porque o filme tem muita cara de sessão da tarde e não tenta fingir não ser um filme feito para isso. A expectativa era ver os Predacons e acabou que só dois apareceram e nem eram os mais memoráveis nos desenhos.
Resumindo, apesar do filme trazer diversidade, pincelar assuntos sérios e trazer uma pegada menos Michael Bay e mais Bumblebee, ainda assim não atinge as expectativas de quem assistiu ao desenho.
O fã dos desenhos quer mais diversão e menos dramalhão.
Ficha técnica
Título: Transformers: O Despertar das Feras
Título original: Transformers: Rise of the Beasts
Ano: 2023
Produção: EUA
Duração: 2h7 min
Direção: Steven Caple Jr.
Elenco: Anthony Ramos, Ron Perlman, Peter Dinklage, Dominique Fishback