Cinema

Crítica: Creed 3 - Primeira direção de Michael B. Jordan

Creed 3 chega para fazer com que Adonis enfrente seu passado e Michael B. Jordan estreia na direção


Depois de ter visto Creed na minha primeira CCXP, criei um vínculo com essa franquia. Embora não tenha assistido todos os Rockys, esses novos filmes ganharão uma identidade tão própria que nem podemos dizer mais, que ainda tem uma ligação tão forte com o original. O terceiro filme dessa que se tornou uma franquia de boxe atual, traz um Creed mais maduro, protetor e um paizão coruja. Fala sobre deixar sonhos para trás e encontrar algo pelo qual lutar. 

Creed 3 faz uma conexão com Rocky 5, embora Michael B. Jordan não seja velho (afinal quem diz que 36 anos é velho?), o boxe, como a maioria dos esportes de alto rendimento, é um esporte para jovens. Mas, Adonis precisa enfrentar algumas questões que ficaram em aberto e isso faz com que seja necessário deixar os ternos e as negociações para usar os punhos.

Sinopse

Em Creed III, continuação do longa de 2018, Michael B. Jordan volta a interpretar Adonis Creed. Depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. Damian pede a ajuda de Creed para que ele volte para os campeonatos de luta. Apesar de tudo, dezoito anos na prisão mudam a pessoa e Damian não está nada satisfeito que Creed "tomou seu lugar" no ringue de boxe. Dois velhos amigos então vão lutar para enfrentar seus passados juntos e enfrentar o futuro que os aguarda. Para acertar as contas, Adonis deve colocar seu futuro em risco para lutar contra Damian - um lutador que não tem nada a perder.

O cinema negro e a influência de Ryan Cooler no roteiro

Com o passar dos anos, o cinema negro tem ganhado cada vez mais espaço na indústria cinematográfica. Esse movimento tem trazido à tona discussões importantes sobre questões raciais e sociais que afetam a comunidade negra. E nesse contexto, Ryan Coogler surge como um dos mais importantes nomes desse cenário, com suas obras que abordam temáticas relevantes e com roteiros que fogem do estereótipo.

Um dos aspectos que mais chama atenção no trabalho de Ryan Coogler é a forma como ele consegue abordar temas complexos de maneira sensível e profunda. Em "Fruitvale Station", por exemplo, o diretor explora a história real de Oscar Grant, um jovem negro que foi morto pela polícia em 2009. O roteiro traz à tona discussões sobre violência policial, racismo estrutural e justiça social de forma contundente e emocionante.

Outra característica marcante do cinema de Ryan Coogler é a forma como ele valoriza a diversidade e a representatividade em suas obras. Em "Pantera Negra", o diretor constrói um universo afrofuturista que celebra a cultura negra e traz à tona discussões sobre o poder e a responsabilidade da representatividade na mídia. 

Por fim, é importante destacar a influência de Ryan Coogler no cinema negro contemporâneo. O sucesso de suas obras, como "Fruitvale Station" e "Pantera Negra", abriram portas para outros diretores negros e para a valorização de histórias e perspectivas que antes eram negligenciadas pela indústria cinematográfica. O trabalho de Coogler mostra que é possível fazer cinema de qualidade e relevante, sem abrir mão da diversidade e da representatividade.

Isso fez com que Creed, inicialmente uma sequência de Rocky, ganhasse uma identidade própria e se destacasse como uma franquia quase que independente, apenas com menções aos filmes de Sylvester Stallone.

A direção de Michael B. Jordan

Michael B. Jordan é um dos grandes talentos do cinema atual, e tem mostrado cada vez mais habilidades não só como ator, mas também como diretor. Seu trabalho na direção tem sido marcado pela sensibilidade na abordagem dos temas e pela capacidade de extrair o melhor de seus colegas de elenco e equipe.

Uma das principais características da direção de Michael B. Jordan é a forma como ele consegue construir personagens complexos e emocionantes. Além disso, outro aspecto marcante na direção de Michael B. Jordan são as cenas de luta mais ousadas. "Creed III" foi seu filme de estreia na direção, e demonstrou ser um diretor que consegue trazer à tona questões importantes sobre a identidade negra e o legado familiar. 

Assim como o anterior, Creed 3 também conta com um elenco diverso e talentoso, com destaque para as performances de Tessa Thompson e Phylicia Rashad. Nesse terceiro filme podemos destacar também a atuação de Wood Harris como Duke.

Por fim, é importante destacar que Michael B. Jordan tem um futuro brilhante como diretor. Sua visão única e sensível tem trazido novas perspectivas para a indústria cinematográfica, e sua abordagem de temas importantes e relevantes tem inspirado outros artistas a fazer o mesmo. A direção de Jordan é uma prova de que ele é um talento multifacetado, que tem muito a contribuir para o cinema em todas as suas formas.

Personagens secundários se destacam

Sem a necessidade de explorar personagens de Rocky, o filme ganhou mais espaço para aprofundar os coadjuvantes. Tanto Bianca quanto Duke ganham mais camadas e a pequena Amara traz uma vertente que ainda não tinha sido explorada em Creed, a paternidade.

Amara é uma das peças-chave da trama, evidenciando a importância da sua relação com o pai, que a introduz no mundo do boxe. No entanto, a personagem também traz à tona uma importante representação da comunidade surda, já que herdou o distúrbio auditivo da mãe e nasceu surda. A produção é marcada pela inclusão, proporcionando aos personagens a oportunidade de se comunicar com Amara através da língua de sinais.

A relação entre Amara e seu pai é um dos pontos mais emocionantes da trama, uma vez que o pai vê no boxe uma oportunidade de canalizar a raiva da filha e fazer com que ela se proteja na escola, causando um atrito com Bianca, que não concorda que usar os punhos seja a forma correta de resolver conflitos. Essa dinâmica familiar traz um tom mais humanizado à história, e evidencia a importância do esporte como um meio de proporcionar foco e disciplina.


Identidade própria

Embora Creed III siga a fórmula tradicional de filmes de esporte, o filme se destaca por ter uma identidade própria que o diferencia dos outros derivados lançados anteriormente. O longa é uma experiência divertida, empolgante e emocionante, que mantém o nível elevado das produções anteriores, mas, se sobressai ao focar na história e nas relações pessoais do protagonista Adonis Creed.

Uma das principais características do filme é a preocupação com a representatividade e diversidade na tela. A presença marcante de Jonathan Majors como o antagonista é um exemplo disso, já que sua atuação imponente e ameaçadora representa uma adição importante para a trama. Além disso, a inclusão de personagens como Amara, que é surda, também é uma prova do compromisso do filme com a diversidade e inclusão.

Assim, Creed III é uma produção que se destaca por sua identidade própria e pela sua representatividade, proporcionando uma experiência emocionante e empolgante para o público. A história e as relações pessoais dos personagens são o foco da trama, criando um enredo envolvente que é aprimorado pela presença marcante do elenco.

Ficha técnica

Título: Creed III 
Título Original: Creed III 
Ano produção: 2023
Direção: Michael B. Jordan
Estreia: 3 de Março de 2023
Duração: 116 minutos
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação Drama
Países de Origem: Estados Unidos da América

Pesquisadora em Têxtil e Moda; cinéfila; Potterhead e lufana. Adora escrever e dar dicas sobre seus filmes favoritos. Amante de boas histórias e personagens femininas que se impõe. Queria ter os poderes da Jean Grey, mas é apaixonada pela Jasmine. Nas horas vagas escreve sobre seus hobbies.


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