Cinema

Crítica: A Mulher rei - As guerreiras Daomé

Filme traz ao público história baseada em fatos e muita ação


Ao terminar de ver esse filme, sentimentos conflitantes se formaram sobre ser ou não a pessoa certa para fazer a crítica de A mulher rei.

Esse conflito se resolveu após a entrevista da estrela do filme Viola Davis. Em coletiva presencial no Brasil, a atriz falou sobre a importância de se ir assistir filmes feitos por mulheres, para que elas tenham oportunidades de mostrar como fazem e fazem bem feito.

A trama de A Mulher Rei fala sobre vários temas importantes dentro da narrativa das guerreiras Daomé, reino que se localizava onde hoje é o Benim, como o papel da mulher nas tradições e o conflito entre o novo e o antigo.

SINOPSE

A Mulher Rei acompanha Nanisca (Viola Davis) que foi uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVII e XIX.
Durante o período, o grupo militar era composto apenas por mulheres, entre as guerreiras está Nawi (Thuso Mbedu), juntas elas combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras.

Conhecidas como as Amazonas Daomé, ou Agojie o grupo foi criado por conta de sua população masculina enfrentar altas baixas na violência e guerra cada vez mais frequentes com os estados vizinhos da África Ocidental, o que levou Daomé a ser forçado a dar anualmente escravos do sexo masculino, particularmente ao Império Oyo, que usou isso para troca de mercadorias como parte do crescente fenômeno do comércio de escravos na África Ocidental durante a Era dos Descobrimentos, o que fez com que mulheres fosse alistadas para o combate. 
Eu imagino que você, assim como eu, não conheça a história das Agojies. Chamadas também de Amazonas negras (mas esse não é um nome bom, segundo Viola tem um quê de racista), a diretora Gina Prince-Bythewood e Viola Davis levaram 6 anos para conseguir levar o filme às telonas. Segundo elas mesmas, o sucesso de filmes como "Mulher-maravilha" e "Pantera Negra" possibilitaram a produção do filme.

No filme, as mulheres do reino de Ghezo (John Boyega) podem se tornar parte da guarda do reino, comandadas por Nanisca (Viola Davis) elas têm um palácio próprio e são reverenciadas pelo povo. Logo na cena de abertura já vemos um ataque das guerreiras a uma tribo que levou mulheres de seu povo e que servem o inimigo, Oyó. 


Enquanto mostra que o reino de Oyó está atacando outras tribos no território Daomé, o filme passa por outras personagens. Nawi, que é dada à serviço do rei depois de revisar uma agressão do noivo proposto pelo pai, é a principal delas, mostrando um contraponto às  tradições e protocolos que as guerreiras têm de seguir, ela passa o treinamento questionando e tentando entender o porquê das coisas.

A personagem que me fez me questionar se eu deveria ou não escrever essa crítica foi Malik (Jordan Bolger) um brasileiro filho de mãe Daomé e pai europeu. Foi essa personagem, que nem é  tão grande na história e que em alguns momentos é  colocado no papel errado de salvador, que me fez pensar e refletir o que eu poderia dizer sobre esse filme que demonstrasse a importância e o significado dele.

Muito além de um filme de ação, um épico, este é um filme que conta a história de uma mulher que influenciou um rei africano a não mais vender seu povo, não os Daomé, mas os africanos no geral, para europeus e americanos que queriam apenas explorá-los. O rei Ghezo depôs seu irmão, que vendeu a própria mãe como escrava, e persuadido por Nanisca ele decide que não irá mas vender seu povo para os brancos, um passo enorme e que traz discursos que deixam arrepiados.

Se temos tantas produções que falam de invasores como Colombo (1492 - A conquista do paraíso) e guerreiros escoceses (Coração Valente), porque não ter produções que contém um lado da história que muitos de nós não conhecemos. 

Eu poderia falar horas sobre como a história é instigante e sobre todos os temas que podem ser discutidos a partir do filme, mas para que você quer uma obra cinematográfica divertida e bem feita, esse também é o filme para você. 

Ficha Técnica

TítuloA mulher rei

Título original: The Woman King

País: EUA

Data de estreia: 22 de setembro de 2022

GêneroAção, drama

Duração: 2h 24min

Classificação: 16 anos

Distribuidora: Sony Pictures

Direção: Gina Prince-Bythewood

Elenco: Viola Davis, John Boyega, Thuso Mbedu, Lashana Lynch, Sheila Atim, Jordan Bolger, Kgomotso Moshia, Zozibini Tunzi.


Pesquisadora em Têxtil e Moda; cinéfila; Potterhead e lufana. Adora escrever e dar dicas sobre seus filmes favoritos. Amante de boas histórias e personagens femininas que se impõe. Queria ter os poderes da Jean Grey, mas é apaixonada pela Jasmine. Nas horas vagas escreve sobre seus hobbies.


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