Crítica: Mulher-Hulk – primeiro episódio divertido que faz piadas com o gênero herói

Primeiro episódio de Mulher-Hulk têm pautas feministas e piadas que fazem referência a outros heróis













Semana passada estava conversando com uma amiga que é fã de quadrinhos “old school”, cuja reclamação era básica “não assisto nenhum filme da Marvel, pois eles passam por cima das HQs”. Então, respondi “você sabe que esses filmes não são feitos para ‘você’, são para pessoas como eu. O objetivo é conquistar quem não lê quadrinhos”.

A gente precisa deixar de inocente e entender que o propósito da Marvel é ganhar dinheiro. Agora, então que se tornou um braço da Disney, isso vai se intensificar, vejam o que acontece em Dr. Estranho 2. Depois dessa introdução toda, vamos para o que interessa.

Como alguém que não lê quadrinhos, nunca tinha ouvido falar da Mulher-Hulk. Já o Hulk eu conhecia da série antiga que passava na TV. E daquele filme triste A Morte do Incrível Hulk. Logo Jen Walters é novidade para mim. Dito isso, chego no primeiro episódio sem expectativas.

Sinopse

Jennifer Walters, uma advogada especializada em casos envolvendo super-humanos, deve lidar com a complicada vida de uma mulher solteira de trinta e poucos anos que por acaso é uma hulk superpoderosa de 2 metros.

Ter um superpoder, faz de você um herói?

Se você é o tipo de pessoa que não curte spoilers, melhor parar por aqui.

Já me questionei algumas vezes sobre o senso comum de narrativas sobre heróis, onde pessoas que recebem um superpoder devem usá-lo para o bem da humanidade. E o quanto isso é um peso em suas vidas, já que são responsáveis pelo bem-estar da população mundial, em alguns casos do universo. Indivíduos que abrem mão de uma vida comum, como ter uma família, para manter a harmonia do planeta. E se a pessoa se recusar? O que acontece?

Vem um cara misterioso para convencê-la a seguir seu chamado? Mas, desde quando receber um poder é indicativo que você tem um chamado? Pode ser só falta de sorte como aconteceu com o Hulk. Um experimento que deu muito errado e mudou seu organismo. O que fazemos quando as coisas dão errado? As pessoas comuns, que não tem poderes, tentam novamente ou desistem. Simples assim. Por que o cara que recebeu um superpoder, claro que depende do ponto de vista, tem que arrumar o mundo?

O primeiro episódio de Mulher-Hulk é sobre isso, Bruce tentando convencer Jen a se tornar uma super-heroína. Jen tentando voltar para sua vida. Só que segundo Bruce isso não é mais possível, visto que agora ela é um ser diferenciado, e que tem como missão manter a paz no mundo. A dúvida, quem está certo nessa discussão?

Até o Capitão América é lembrado durante o episódio, mais uma prova de que essa discussão faz sentido.

Mulheres administram suas emoções há milênios

Durante o treinamento Hulk, Mark Ruffalo, tenta ajudar Jen Walters, Tatiana Maslany, a controlar suas emoções, uma vez que agora ela é um ser incontrolável. Ocorre que, o corpo de Jen respondeu a exposição de outra maneira. Sim, ela é uma criatura verde enorme e fortíssima, só que não deixou de ser a Jen.

As melhores piadas são sobre as diferenças entre homens e mulheres. Alfinetando a respeito do excesso de responsabilidades que nascer mulher traz. Além disso, sofremos alterações de humor todos os meses. Já vi mulheres com TPM extremamente raivosas, só não ficavam verdes.

Portanto, para Jen todo aquele treinamento é desnecessário, afinal ela não deseja se tornar um paladino da justiça. Aliás, Jen Walters é advogada, uma das profissões mais contraditórias que existe.

Muitas técnicas de controle das emoções ensinadas durante seu treinamento, forçado, ela conhecia de cor e salteado. Tanto que seus resultados são excelentes. Esquece aquelas cenas do herói desajeitado que se transforma no líder da revolução, ouvi Steve Rogers. A Mulher-Hulk já nasce pronta. Mas, pronta para que mesmo?

Enfim, o primeiro episódio é bem divertido, ágil e mostra uma mulher que decidiu, apenas, existir. Espero que no decorrer da série eles não estraguem tudo como fizeram com a Feiticeira Escarlate. Ainda não me recuperei do que fizeram com uma das personagens mais poderosas, reduzida a uma mãe de família. Aceitem, nem toda mulher sonha em ser mãe, ou encantadora de fera.

Ficha técnica

Título: Mulher Hulk: Defensora de Heróis

Título original: She-Hulk: Attorney At Law

País: EUA

Data de estreia: 18 agosto de 2022

Gênero: Comédia, Fantasia, Ação

Duração: 38 minutos por episódio

Classificação: 14 anos

Distribuidora: Disney plus

Direção: Kat Coiro

Elenco: Tatiana Maslany, Jameela Jamil, Ginger Gonzaga, Renee Elise Goldsberry e Tim Roth


Kika Ernane, Karina no RG, e sou multitasking (agora que aprendi o significado do termo segura). Uma mulher como muitas da minha geração, que ainda não descobriram como aproveitar a liberdade que lutaram tanto para conseguir. Muito menos administrar todas as tecnologias disponíveis. Enfim, estou sempre aprendendo.


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