Esbarrei no vídeo de divulgação de ‘Nuvilíneas’, de Lara de Paula, em um grupo do Facebook. Fiquei encantada com a forma como a artista apresentou seu projeto literário, através da construção de uma narrativa lúdica, que apresentava de forma leve os sentimentos que vivenciamos nos primeiros meses de isolamento social.
Especialmente, o primeiro, quando nos demos conta de que não era só uma gripezinha e que o período de reclusão seria maior que o previsto.
Sinopse
‘Nuvilíneas’, de Lara de Paula, reúne 52 relatos poéticos da busca por alívio, doses de beleza e arte no contexto do isolamento social. A obra foi escrita pela poeta nos 170 dias iniciais do Lockdown, em 2020, e nasce como respiro poético em tempos difíceis.
Assim como algumas pessoas, Lara de Paula encontrou na escrita uma forma de enfrentar os momentos de incerteza e exílio causados pelo isolamento social.
A experiência do confinamento imposta pela pandemia de COVID-19 foi única para cada indivíduo. Contudo, quando começou a compartilhar suas emoções no perfil do Instagram “Uma gota por dia”, Lara não imaginava que fosse impactar tantas vidas com os seus relatos sobre a quarentena. Nas palavras da poeta:
"Foi a forma que encontrei de restabelecer minha conexão com o mundo externo. Nuvilíneas nasce da observação de coisas cotidianas que me afetam individualmente, mas também conversa com as vivências de outras pessoas. Cada página toca a nossa humanidade e ao olhar poético que nos atravessa"
Às vezes, temos a sensação de que as coisas estão difíceis só para a gente. Entretanto, a quarentena colocou o mundo em estado de alerta. E o isolamento nos separou de quem amamos.
Como manter a esperança em meio ao caos? Lara não tem a resposta, mas suas palavras foram o afago que alcançou algumas vidas naquele momento.
Ao todo fora 170 relatos postados diariamente no decorrer dos primeiros dias de isolamento social. Onde a escritora dividiu anseios, angústias, alegrias e descobertas. Enfim, sentimentos que aquela situação, até então inimaginável, provocou na sua rotina. Textos que falavam sobre autocuidado e esperança. Que tocaram, de alguma forma, a vida de outras pessoas.
Assim, com o objetivo de atingir mais vidas Lara reuniu 52 desses relatos e transformou em livro. ‘Nuvilíneas’ está a venda na plataforma Evoé.
Conheça Lara de Paula
Mineira de Sete Lagoas, além de escritora e poeta, é arqueóloga. É mulher negra, doutoranda em Antropologia - área de concentração em Arqueologia pela UFMG, que busca caminhos de cura ancestral a partir da "Arqueopoesia", conceito criado por ela que nasce como um olhar feminista afrocentrado para o universo arqueológico científico, mas que se estendeu para a escrita poética.
"A proposta é que a linguagem poética não seja utilizada apenas enquanto estética ou enquanto figura de apoio, mas realmente como a lente pela qual podemos falar sobre as coisas”, explica a autora.
Lara de Paula, faz parte e da antologia "Poetas Negras Brasileiras" e da coletânea "Carolinas – A nova geração de escritoras negras brasileiras", organizada por Julio Ludemir em parceria entre a Festa Literária das Periferias (Flup) e a Editora Bazar do Tempo.
Na obra, o conto “Do trema à crase” é uma carta de Luzia, mulher mais antiga da América do Sul que viveu há 12 mil anos, à Maria Carolina de Jesus. O caminho de Lara de Paula foi traçado pela poesia marginal e independente, com o na produção de zines e declamação em saraus. Seus principais trabalhos nesta linguagem são Gira só lar(a) e Arqueopoesia.
A multiartista, atualmente, trabalha junto com Felipe Canêdo e André Di Franco no filme sobre o incêndio do Museu de História Natural da UFMG.
Ficha Técnica
Título: Nuvilíneas
Autor: Lara de Paula
Editora: Alecrim Edições
Ano de Publicação: 2021
Gênero: Relatos
Páginas: 80