Nos últimos anos a ascensão das mulheres no mercado de trabalho fizeram com que muitas investissem na carreira e desistissem da maternidade, e outras que engravidaram mais velhas após 30/35, e pasmem, a sociedade acha que a mulher é fruto seco, infértil se ela passou dos 29 anos. E a verdade é, a maternidade tem que vir quando e se a mulher estiver pronta, dentro da sua realidade financeira, física e psicológica.
A poderosa Jacqueline Carlyle da série The Bold Type - editora chefe e mãe de dois filhos |
E essa decisão só cabe a nós, pois somos nós que mais dedicamos tempo ao filho, abrindo mão de coisas ou modificando toda uma rotina, é a tal tripla jornada feminina que se intensificou muito na pandemia/quarentena, afinal quem nunca ouviu: Mãe é mãe! E não se enganem, o homem pode até tentar dividir as responsabilidades, mas o laço materno é inexplicável.
E com esse gancho falaremos do aborto, a tão temível palavra. Muito fácil levantar o dedo e acusar com palavras e expressões perjorativas sobre o ato da mulher transar, engravidar e não querer ter o filho. Sociedade, a mulher que quer fazer um aborto, ela vai fazer de forma legal ou não, e aí vira questão de saúde pública. Milhares de mulheres morrem por ano vítimas de complicações do aborto, como já citado anteriormente, a maternidade é uma escolha só do individuo. Vários motivos levam a escolha do aborto, um casamento mal sucedido, problemas financeiros, de saúde, adolescência, muito tabu na educação sexual dentro de casa/escola, e muitas meninas acabam grávidas. Aí ouvimos: Por que não dar para adoção?
No vídeo abaixo mostra a difícil decisão sobre o aborto, da personagem Maeve da série SexEducation da Netflix
O sistema adotivo é muito burocrático, segregando essa oportunidade para uma parte da sociedade, crianças mais velhas e adolescentes praticamente são esquecidos no sistema e ainda entramos em outro ponto super polêmico, muitos são contra a adoção por casais homoafetivos, ou seja, a sugestão de não aborte, dê para adoção só é aceitável se está dentro de certas crenças ideológicas.
Eu poderia citar vários outros tipos de maternidade, afinal temos mães completamente realizadas com suas crias, outras que sentem culpa por não ter uma dedicação total ao seu rebento, tem as mães de pet, etc, mas o espaço é pequeno, e a ideia é criar uma pequena partícula reflexiva sobre esse tema que nos assola desde o dia que chegamos ao mundo.
O motivo por eu ter escolhido esse assunto é que eu sofro essa pressão. Afinal, completei 30 anos e estou "velha". Antes de ir pra faculdade aos 20 anos, eu achava que minha vida seria casar, comprar uma casa e ter três filhos, sendo o primeiro aos 25 anos.
De origem humilde eu não pensava que poderia me formar, viajar, ter outras experiências. Ao descobrir esse mundo, eu pensei, "não sei se quero ser mãe, tenho tanto pra viver e custa caro, não quero abrir mão disso por uma criança que vai me tomar tempo e dinheiro". Eis que o tempo passa e a gente pensa e repensa, afinal nunca é tarde para mudar.
Hoje, eu quero ser mãe, mas eu estou me programando pra isso, planejei a viagem dos sonhos pra ter esse momento meu, porque quando eu me tornar mãe as coisas vão mudar, será outra rotina, outra prioridade, outros investimentos, e eu estou pronta pra isso, mas a decisão de quando, é minha, não dos parentes e/ou da sociedade.
A moral da história aqui é, você pode querer ser mãe ou também pode não querer, ser mãe adolescente ou pós 30, preferir adotar ou abortar, ou simplesmente ter um pet. E todas as respostas estão corretas.
Não podemos deixar a sociedade continuar a definir nossas escolhas ou nos pressionando psicologicamente que só somos mulheres se formos mãe, imagina quantas mulheres tem problema de fertilidade ou quantas manas trans não tem útero, a pressão é doentia.
Então mulheres, é uma por todas e todas por uma. Reflitam muito sobre o aborto, você não precisa fazer, você só precisa apoiar. Eu sou a favor do aborto, mas não faria um, porém minha realidade é diferente de outras mulheres. E ao meu ver, essa é uma das questões mais machistas que julgamos entre nós.
Para se envolver e aprofundar no tema, segue uma lista de filmes e séries sobre várias visões da maternidade. Com certeza você vai se identificar com uma ou múltiplas histórias.
FILMES
Juno (2007) - Gravidez na adolescência, aborto e adoção;
O Quarto de Jack (2015) - Mãe vítima de estupro;
De pernas pro Ar 3 (2019) - Carreira x Maternidade;
Mãe de Verdade (2020) - Adoção;
Pieces of a woman (2020) - Luto materno;
O quarto de Jack, filme que deu a Brie Larson o Oscar de Melhor Atriz |
SÉRIES
Friends (1994-2004) - Barriga de aluguel, maternidade solo, infertilidade, adoção;
Sex and the City (1998-2004) - Aborto, maternidade solo, não ser mãe;
Gilmore Girls (2000-2007) - Maternidade solo;
The Bold Type (2017-2021) - Priorização da carreira, aborto, não ser mãe;
Mãe só tem duas (2021) - Troca de bebês na maternidade;
Paulina Goto e Ludwika Paleta em Mãe só tem duas |