O longa tem um brilho que cativa pela simplicidade, os elementos são apresentados pouco a pouco, assim como os personagens. Os núcleos são pequenos, o que permite trabalhar bem seus personagens. A aposta da Pixar foi correta, um filme reflexivo para um final de um ano tão conturbado, até parece que eles previram.
Sinopse
Um professor de música talentoso, está prestes a conquistar sua tão sonhada carreira como músico de Jazz, porém, o destino o leva para o outro lado da vida, onde ele faz de tudo para conseguir voltar, e conquistar o seu sonho. Em meio aos desafios e confusões, junto a uma "alminha" chamada, 22, lições precisarão ser aprendidas.
Narrativa
O longa tem uma boa narrativa, a história caminha como deve, no ritmo adequado. Cada elemento é encaixado no deu devido lugar, nada é jogado sem motivo, tudo bem no padrão Pixar de ser. Os personagens tem camadas muito bem exploradas, e nuances que são essenciais para a trama como um todo.
O roteiro é muito correto em sua execução, não existem pontas soltas, conseguimos entender bem onde começa e termina cada ação, deixando um filme bastante redondo, com um toque de surpresas. Tratar do assunto vida pós-morte é sempre um risco, visto que cair em clichês, é quase impossível. Então que tal, explorar um quase vida pós-morte, e/ou um quase morte pós-vida? E se acrescentássemos um pré vida? E se suas individualidades, já fossem definidas antes mesmo de você nascer? Bem, esse é o diferencial trazido por Soul. Algo que muitos nem sequer haviam pensado sobre, mas que, com certeza, não vão mais parar de pensar.
Estética
O longa é de uma beleza indiscutível, a animação traz elementos do cotidiano nova-iorquino com bastante leveza. A paleta de cores é muito bem selecionada, permeia pelas cores frias e quentes com sutileza, dando um aconchego visual. Nada extravagante, bem na pegada dos clubes de Jazz, traz uma serenidade que é fundamental para o desenrolar da narrativa.
Os personagens são bem elaborados. Em suas formas humanas, temos uma imensa riqueza de detalhes visuais, que refletem em seus jeitos, atitudes e, até pensamentos. Em suas formas de "alma", temos uma simplicidade, que cabe ser exaltada. Nada fantasmagórico, sempre com a pegada lúdica, e as vezes desforme, foi a jogada brilhante para estabelecer um local de passagem entre o mundo pré e pós-vida.
Trilha Sonora
Esse não é um filme musical cantado, mas o elemento música é o centro da história para seu protagonista, logo, tinha que nortear bem a trama. Uma boa trilha sonora faz toda a diferença para um bom filme, e Soul chega com tudo nesse quesito. O título do filme já é uma menção ao estilo musical que tratado no filme, o Soul Jazz é um estilo que une influências de blues, gospel e r&b, que são características de pequenas bandas, criado e popularizado pela comunidade afro-americana.
Piano, saxofone, bateria, sempre estão presentes durante toda a história, dando o tom necessário que traduz nitidamente os sentimentos dos personagens. A pegada é suave, e envolvente, faz viajar, e acompanha bem uma boa história.
Por fim, o filme foi um ótimo encerramento para o ano de 2020, com uma mensagem reflexiva, nos mostrando quão importante é valorizar as pequenas conquistas da vida, e as vezes, já temos tudo que precisamos ter, apesar de querermos sempre mais.
Ficha Técnica
Título Original: Soul
Duração: 100 minutos
Ano produção: 2020
Estreia: 25 de dezembro de 2020
Distribuidora: Disney+
Dirigido por: Pete Docter, Kemp Powers
Classificação: Livre
Gênero: Comédia, Fantasia, Animação
Países de Origem: EUA
Elenco: Jamie Foxx, Tina Fey, Graham Norton, Rachel House, Alice Braga, Richard Ayoade