E chega mais um player na guerra do Streaming no Brasil. Em qual lado você está ou, melhor, quanto mais o seu bolso aguenta?
Quando o YouTube apareceu no mundo, ele deu uma verdadeira
reviravolta na forma de como nós, os navegantes deste mar que é a Internet, consumimos
o conteúdo audiovisual. Pelo grande sucesso que ele fez, muitas outras empresas
vieram a aparecer com o tempo, mas, jamais, conseguiram confrontar o monstro
que fora comprado – algum tempo depois – pelo Google.
Aparentemente tudo estava caminhando para a dominância do
YouTube e, por mais ou por menos, nós iriamos transferir nossas atenções única
e exclusivamente para este serviço até que a NetFlix fincara os pés na Internet
e, mais uma vez, a forma de como consumimos vídeos mudou radicalmente.
Uma coisa que até engraçada. A Netflix não começou de pronto
como um serviço de streaming, mas sim, como um competidor da extinta Blockbluster –
quem aqui se lembra? – e no meio da briga com a grande cadeia de locadoras dos
EUA, a empresa veio a apostar no Streaming e que chute certeiro!
Não querendo delongar demais nesta questão do surgimento do
Streaming, sabemos do sucesso destes dois cases, YouTube e Netflix, e de como
estes vieram a mostrar que o mercado de Streaming tem espaço e, desta forma,
Amazon, Disney, AT&T entre outras grandes empresas americanas vieram com força,
apostando pesado em serviços de Streaming, assim criando uma bela de uma
concorrência e isso é bom, não é?
Não é bem assim.
Quando a Netflix surgiu, o catálogo do mesmo foi crescendo aos
poucos, pois o serviço criara contratos com os mais diversos estúdios cinematográficos
e televisivos americanos, assim chamando a atenção de todos aqueles que queriam
rever aquele filme de tempos de outrora ou acompanhar séries que saíam nos
canais americanos e, agora, eles podiam ver a qualquer momento a um clique de
distância.
Todas essas facilidades e números ajudaram, ainda mais, a Netflix
a crescer, mas, em contrapartida, os grandes estúdios e conglomerados ficaram
pensando: “Por que só a Netflix pode lucrar com isso?”. E quando isto aconteceu,
o que antes era uma facilidade de ter todo um conteúdo num só serviço, as
coisas começaram a degringolar.
Hulu, Amazon, AppleTV+, Paramount+, Peacock, Disney+, estes
são os nomes de alguns dos serviços que vieram a surgir ao longo do tempo e,
com isso, antes sendo uma única companhia com os filmes e seriados de diversos
gostos para todo mundo, agora cada serviço com cada filme e seriado que muitos
gostariam de assistir e... isso começa a pesar.
Se de um lado é ótimo ter concorrência, do outro temos o
fator humano do comodismo. Em sua grande maioria, a audiência de um certo
serviço tem uma grande dificuldade de ir atrás de outro serviço porque isso
tira da sua zona de conforto e, fazendo isso, é bem provável que aquele possível
consumidor não vá para o seu serviço porque a empresa X, Y ou Z retirou o
conteúdo do serviço original.
A outra questão preponderante é que, nesta guerra de
streaming, era esperado uma baixa de preço ou algo que viesse a trazer um
sentido para investir neste ou naquele novo serviço, mas o que vemos, em sua
maioria, é empresas chegarem em países como o Brasil com quase nenhuma vantagem
sobre aquelas outras que já estão mostrando serviço há 2, 5 ou 10 anos. E
levando em consideração que já pagamos caro por outros produtos (TV a Cabo,
Telefonia Móvel e afins), um serviço a mais é algo que pesa no final do mês.
Você está falando da Disney+
Não tão somente da Disney+, mas, também, da GloboPlay (que
tem mais tempo de mercado). A Disney demorou um ano para chegar ao Brasil e o
seu conteúdo é, diga-se, bem fraco. Nada da Fox, pouco conteúdo antigo e, de
relevante, somente The Mandalorian, caso a pessoa goste de Guerra nas Estrelas (Star Wars).
Ah, sim, tem os documentários da National Geographic.
Mas a Disney veio de uma forma bem traiçoeira, onde, pagando
“apenas” um pouco menos de R$ 240,00, você teria o privilégio de ser um
assinante do serviço. Quando a promoção
veio à tona, ela parecia interessante, mas faltava algo...
Cadê o conteúdo para ver se vale a pena? Sem saber do mesmo,
porque pagar um valor que deixaria a pessoa presa por um ano onde,
provavelmente, boa parte do conteúdo que ela gostaria de ver só iria ser
acessível depois de um certo tempo? É como pagar antecipadamente por uma
conexão de banda larga de 400 Mb/s de download, mas que só iria ter isso em
forma incremental ao longo do ano.
Essa tática de venda não é errada, mas, certamente, deixou
muita gente com a orelha coçando – sendo eu um destes. Quando soube que o
conteúdo que eu queria ver não estava presente, sequer fiz questão de testar os
7 dias, porque seria uma experiência infrutífera, para falar a verdade.
A Globoplay, por exemplo, está acrescentando aos poucos o
seu conteúdo oitentista e noventista, mas pelo valor que ela cobra – usando a força
de sua marca – é algo que, no final das contas, pesa no bolso.
E é isto que está acontecendo.
Estamos contando as moedinhas
Entretenimento nunca foi barato no Brasil. Livros são caros,
ir ao cinema é uma facada, comprar Box sets de filmes e seriados então! E o Streaming
e os seus serviços estão agora também mostrando o seu lado negativo.
Quero assistir um filme da Paramount, agora tenho de assinar
um pacote no Amazon Prime Vídeo para isso. E aquele filme da Fox? Agora vai ser
somente no Disney+. Ah, e aquele filme da Universal? Tem um na Netflix, mas
outro está na AppleTV+.
O escorpião está ficando arredio e não está gostando de como
a carteira está sendo usada e é bem provável que isto só piore cada vez mais,
já imaginaram cada estúdio lançando sua plataforma de Streaming?
Nós estamos contando as moedinhas e está cada vez mais difícil se entreter pagando-se pouco. O que o futuro do Streaming nos reserva?