Um grupo de Chronicoms quer estabelecer a Terra como sua nova colônia depois que seu planeta natal foi destruído. Como não conseguiram fazer isso acontecer, no presente, devido à interferência da agência de espionagem da Marvel, eles, enfim, decidiram voltar em diferentes períodos do tempo para impedir a existência do único obstáculo que os impedem. A missão final enfim começou. Bem vindos à última temporada de Agents of SHIELD.
Um "aminimigo" chamado tempo
O detalhe que mais noto ao analisar os episódios exibidos até então é como a qualidade do roteiro subiu consideravelmente do ano anterior para cá por usarem uma abordagem mais gradual para apresentar os detalhes principais do enredo da temporada, tanto para os personagens, como para o espectador. Isso se reflete no nível crescente de periculosidade dos Chronicoms ao longo destes primeiros capítulos, no funcionamento da viagem no tempo, como ambos estão entrelaçados e como isso muda a dinâmica da equipe perante o inimigo a cada novo capítulo.
Nos anos 30, os Chronicoms focam apenas em impedir um único evento para alterar a linha do tempo, que é Wilfred Malick transportando um dos componentes do Soro de Supersoldado. Por causa da interferência vinda do futuro, eles se vêem obrigados a irem para os anos 50 e embora continuem com essa abordagem de evento único, é possível notar que eles deixaram a sutileza de lado ao aliarem-se com Malick e a HYDRA.
Isso é visto com mais detalhes nos anos 1970 com Wilfred, que deveria estar morto, anunciando o Projeto Insight 40 anos adiantado, o mesmo projeto visto em Capitão América: Soldado Invernal que tinha como objetivo eliminar ameaças à agência antes delas se tornarem ameaças, dessa vez com nomes como Bruce Banner, Peggy Carter, Susan Morse, Nick Fury, Victoria Hand e a lista continua.
Mesmo com tudo isso acontecendo, para deixar cada representação temporal mais orgânica, a produção da série conseguiu inserir naturalmente, em diálogos e cenários, referências políticas, vide a Guerra Fria e a segregação racial, econômicas, como a Grande Depressão, obras do cinema como Exterminador Do Futuro e Blade Runner, além de tiradas cômicas bem executadas e pontuais.
Moist. Moist. Moist. Moist. |
Retornos e despedidas
O elenco regular da série sofreu algumas mudanças interessantes para esse novo ano, tanto em seus arcos, como em sua composição. A maior delas, certamente, é o retorno de Coulson. Nosso amado Phil não tem descanso mesmo após sua segunda morte e agora é uma biblioteca ambulante, um LMD equipado com tecnologia Chronicom e com o acervo de eventos da SHIELD. Até mesmo Clark Gregg, seu intérprete, em entrevista ao Variety, mostrou-se surpreso com tal decisão.
Simmons não fica muito logo atrás, carregando uma subtrama própria sobre o que aconteceu no final da 6a temporada que levou ao sumiço do Fitz da série até agora e a Zephyr conseguir fazer a viagem no tempo. Os primeiros indícios de que talvez a Jemma que vemos na tela não é a Jemma que conhecemos já começaram a surgir e causam certa intriga sobre seu desenrolar.
A participação especial de Patton Oswald como o Koening dos anos 30 é pontual por, teoricamente, estabelecê-lo como um dos pionieiros da SHIELD como a conhecemos hoje como do projeto de LMDs, dando certa solução para a existência dos vários Koenings que foram vistos em outras temporadas da série.
Mas é o retorno de Enver Gjokav como Daniel Sousa, antigo parceiro de Peggy Carter, que recebe o merecido destaque e aclamação. Além de apresentar certa continuidade aos eventos da precocemente cancelada Agent Carter, já que descobrimos seu destino na linha do tempo original, seu envolvimento com a equipe e trama da temporada faz o personagem participar das viagens temporais junto com a SHIELD do futuro e eu não poderia estar mais animado com isso.
Daniel Sousa impressionado com um smartphone. Nunca imaginei que precisaria disso até tê-lo. |
O melhor presente de despedida
A sexta temporada trazia a sensação de urgência para contar o maior número de histórias possíveis em apenas 13 episódios e, para tal propósito, separaram fisicamente, sacrificando o pilar central da série que é a sinergia entre os atores. Mesmo unindo todos os plots em um só nos episódios finais, o caminho até tais capítulos foi tortuoso e cheio de experimentações que só contribuíram para deixar um gosto agridoce na boca dos fãs.
A sétima, felizmente, vai pela outra via. Com apenas uma história para dar o devido desenrolar, a produção, ciente do peso que é ser a temporada final, compensa os erros do passado com episódios de ritmo mais balanceado. Nenhuma cena é desperdiçada para o progresso do plot, mas não existe a sensação de pressa.
É estranho pensar que temporadas tão distintas foram escritas e gravadas simultaneamente, tamanho o salto de qualidade entre os roteiros. O espectador tem tempo para apreciar facilmente cada década e sua respectiva estética sem achar que está sendo enrolado pela série. E, nisso, os 42 minutos semanais passam voando. Posso estar pagando a língua ao afirmar isso tão cedo, mas creio que estamos diante da melhor temporada da série e uma das melhores produções da Marvel para a TV.
Eu vou sentir tanta falta dessa série (P.S.: Essa imagem é oficial da ABC) |