No começo desse ano, eu finalmente havia começado a assistir a uma adaptação para anime de uma light novel que minha prima havia me feito 6 meses antes. Era a história de uma garota em uma jornada rumo ao amor. O nome desta jovem mulher é Violet Evergarden. Dentre os 13 comoventes episódios, cada um mostrando, pouco a pouco, erro após erro, frase após frase, dia após dia, carta após carta, as várias faces que o amor pode ter, existe um, o décimo, que quero dar destaque especial.
Quero que saiba...
Em um lugar longe de qualquer cidade conhecida, havia uma casa onde havia uma mãe, uma criada e uma filha. O nome da filha é Ann. Ela tinha 7 anos. Embora relativamente distantes da civilização, sua mãe recebia várias visitas. A menina, inicialmente, não demonstra entender muito bem o porquê das visitas, já que seu pai faleceu na guerra e sua mãe nunca teve muitos amigos. Elas eram vistas como problemas na certa. Mas, um dia, ela viu uma mulher que parecia uma boneca. Ela ficaria em sua casa por 7 dias ajudando sua mãe com cartas para “alguém distante”.
A personalidade não muito expressiva de Violet, além de sua denominação como Boneca de Automemórial na versão original, alegra Ann. É notório como a menina pede para que a visitante, nas horas vagas, brinque com ela, converse com ela, interaja com ela, fique mais tempo com ela, quase como se a senhorita Evergarden fosse uma nova mãe para a garotinha.
Ao longo dessa primeira metade do episódio, a mãe aparece em poucos e pontuais momentos para dar pequenos e graduais sinais sobre sua situação médica, o que já faz com que o espectador tema por sua vida, e as súbitas mudanças de humor quando Violet e Clara estão trabalhando nas cartas, passeando entre a felicidade de ver um bom trabalho para a tristeza que as cartas e a dor que a debilitada saúde da mãe trazem.
Ao longo dessa primeira metade do episódio, a mãe aparece em poucos e pontuais momentos para dar pequenos e graduais sinais sobre sua situação médica, o que já faz com que o espectador tema por sua vida, e as súbitas mudanças de humor quando Violet e Clara estão trabalhando nas cartas, passeando entre a felicidade de ver um bom trabalho para a tristeza que as cartas e a dor que a debilitada saúde da mãe trazem.
...que apesar de tudo...
A cena que se passa entre os 14 e os 18 minutos é o ápice do episódio devido à subversão do que havia sido mostrado até então da Ann. Ao revelar que ela não só tem plena convicção do estado da mãe, mas também que ela injustamente julga ser responsável por sua mãe estar nesta situação e seu desabafo, em meio às lágrimas, é tão natural, mas tão pesado para alguém tão nova, que atinge o espectador com muita força:
“A senhora prometeu que melhoraria.”
“Eu vou ficar sozinha quando você morrer.”
“Quanto mais tempo eu vou ter para ficar com você”
“Essa carta é mais importante do que eu?”
“Se eu vou ficar sozinha de qualquer jeito, para de escrever essa carta e passe esse tempo comigo agora!”
Após a visita de Violet, vemos um pequeno conjunto de interações entre as duas e o passar das estações, o que indica ao menos 6 meses até a morte da mãe, que é revelada quando em cenas onde, em um momento, lá estavam elas sendo felizes e, no outro, o mesmo local já estava vazio, o que foi um golpe baixo.
Feliz Aniversário Ann |
Conforme as cenas avançam, mostrando momentos-chave da vida da garota, desde os primeiros dias de solidão na mansão, agora somente sua, passando pela pré-adolescência, a chegada à fase adulta e, junto a ela, os “namoradinhos” e aquilo que existe quando o amor é real, dá-se a entender que cada carta foi escrita de maneira única para que, ao longo de todos os anos, ela teria o conselho certo vindo da pessoa que ela mais amou e mais sente falta. Confesso que não consigo ver essa cena sem chorar:
...eu sempre estarei contigo.
O roteiro bem escrito, que, além de dar pequenos sinais, desde sobre o começo, sobre o rumo que aquele episódio tomaria, trocar as protagonistas para fazer com que o espectador veja a história do ponto de vista da Ann e desenvolva empatia por ela para que, na segunda metade do episódio, principalmente na cena do desabafo, a melancolia faça efeito na pessoa que está assistindo ao episódio (e, vai por mim, ele faz).
Isso tudo aliado ao trabalho impecável dos dubladores, tanto os originais como os brasileiros, para que entregassem o tom de voz que se encaixa perfeitamente no clima pedido pela cena, sem exagerar nem fazer aquém do esperado, só realçam o quanto eu acho esse episódio simplesmente perfeito e o que mais machuca dentro do anime que mais machucou meu coração.
[...]Com dadas asas, bata elas
Prometa que não ira parar de voar
Você não está sozinha
Há apenas um único desejo, a sua felicidade [...]