É o ano de 2020. A Rede se tornou algo que os humanos não podem mais viver sem em suas rotinas diárias. Mas os humanos não sabem da existência do Mundo Digital, dessa realidade de Luz e Trevas que existe do outro lado da rede, nem dos seres formados de dados, os chamados Digimons, que existem lá... até agora. Distribuída pela Crunchyroll Brasil que, através da transmissão simultânea, irá disponibilizar os episódios legendados todo sábado às 23h30, o reboot de Digimon Adventure está entre nós e ele já mostrou a que veio.
Prazer em te conhecê-los, Taichi e Izumi
Ao longo dos anos, a distância entre o mundo humano e o mundo digital foi se encurtando graças ao avanço tecnológico que fizemos e agora chegamos ao ponto de que ações no digimundo estão afetando ainda mais nosso mundo. Dessa vez, um grupo de Algomon, uma representação viva de glitches, está afetando a linha circular de metrô de Tokyo, o que poderá levar ao choque iminente dos trens, sendo que em um deles, está a mãe e a irmã mais nova do Taichi/Tai, a Hikari/Kairi.
Esse ar de “caso da semana” funciona por causa da intenção de introduzir gradativamente o resto do grupo de protagonistas para atiçar a curiosidade dos novos espectadores, que ficarão curiosos sobre quem é esse novo personagem, e dos mais fervorosos, que estarão intrigados sobre como esse personagem que conhecem de cabo a rabo será retratado agora, atingindo assim as duas audiências para qual a produção foi feita.
Bem-vindo à internet |
Através do Tai, somos introduzidos novamente às batalhas, as evoluções e a importância do laço humano-digimon. Através do Izzy, somos introduzidos à internet, aqui chamada de Network, e às situações de monitoramento e manipulação da rede. Além dos elementos-chave da temporada, há os primeiros traços de personalidade de cada um.
O Tai parece ser mais tranquilo, mas sem deixar de reafirmar aquilo que aprecia nos outros mostrar o quão longe ele vai pelas pessoas com quem se importa, ressaltando sua coragem, o Izzy, mesmo com pequenos momentos de introversão, consegue ser de ajuda com uma inteligência que eu diria acima da média para alguém que está na 4ª série, reafirmando sua curiosidade e sabedoria.
Disso tudo, surgem os brasões, símbolos de conexão entre os seres humanos e digitais, a base para que cada protagonista tenha sua singularidade, empatia com o espectador e uma base a ser explorada para seu futuro desenvolvimento.
Izzy, eu já te adoro, por favor, entenda |
Prazer em te ver de novo, Agumon
Usar um traço similar ao original consegue simplificar a animação por prováveis questões orçamentárias, mas não deixa de promover mais suavidade à movimentação, estimular o fator nostálgico e se diferenciar do estilo lugar-comum adotado por outras produções americanas e nipônicas para apelar (Sim, Pokémon Sun and Moon, estou falando de você).
Os anos 90 ligaram para agradecer por manterem e aprimorarem o traço original |
Embora colocar uma digievolução logo na primeira batalha seja uma escolha peculiar, tal evento, por acontecer em tempo real, é mais orgânico e, para tal, a decisão de apresentar a mutação de Agumon para Greymon em um estado de energia, onde não precisa ter que se preocupar com detalhes específicos que poderiam gerar estranheza, se mostrou muito acertada.
Uma nova velha aventura
Se eu, que conheço pouquíssimas coisas sobre a saga Adventure original graças a resumos e análises internet afora, principalmente os vídeos do Rafa do canal Qualquer Coisa, estou encantado com o que me foi apresentado, imagina quem possui conhecimentos mais aprofundados sobre o universo da franquia.
Embora, mais uma vez, teremos maior foco para o Tai e o Matt, torço para que o protagonismo, nessa interação, seja balanceado, que, ainda assim, os demais membros não fiquem muito atrás quanto ao tempo de tela e relevância para o caminhar da história (sim, Frontier e Adventure de 99, estou olhando pra vocês).
Junto a esse reboot, o filme Last Evolution: Kizuna, que, na linha do tempo, é a última aventura do elenco de Adventure, o jogo Digimon Survive, que ainda não possui data de lançamento, e o novo TCG me dão a sensação de que os monstrinhos digitais, que completaram 21 anos de existência no último dia 7 de março, possuem um potencial incrível que, sob uma boa gerência, pode evoluir a franquia para um novo nível.