Cinema

Crítica: No Portal da Eternidade um mergulho na mente do pintor Vincent Van Gogh

Dia 7 de fevereiro estreia nos cinemas de todo o Brasil o filme No Portal da Eternidade, no qual o indicado ao Oscar Willem Dafoe interpreta Vincent Van Gogh


Dia 7 de fevereiro estreia nos cinemas de todo o Brasil o filme No Portal da Eternidade, no qual o indicado ao Oscar Willem Dafoe, Projeto Flórida, dá vida a Vincent Van Gogh, atuação que lhe rendeu o prêmio Copa Volpi de melhor ator no Festival de Veneza em 2019 e uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. O filme é dirigido pelo cineasta e pintor Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta.


O filme se passa nas aldeias de Arles e Auvers-sur-Oise, onde Van Gogh se refugiou para escapar das pressões de Paris. Ali, o artista é tratado gentilmente por alguns e brutalmente por outros. Enquanto, o também pintor Paul Gauguin se afasta do amigo devido à sua intensidade, seu irmão Theo continua inabalável em seu apoio, mas não consegue vender sequer uma obra de Van Gogh.
Baseado nas pinturas do artista, No Portal da Eternidade tem no elenco Emmanuelle Seigner, Rupert Friend e Oscar Isaac.










O filme No Portal da Eternidade possui uma narrativa desenvolvida para permitir que o espectador mergulhe na mente de Van Gogh. Em algumas passagens do longa a câmera treme e a imagem não se fixa na tela. Recurso que, às vezes, se torna irritante, causando até mal-estar, uma vez que nosso cérebro tenta estabilizar a imagem, mas não consegue. Artifício utilizado para mostrar como o artista enxergava o mundo ao seu redor. Ou, para retratar a influência da bebida na vida do pintor.

O preto é praticamente mais um personagem da história tamanha sua importância. Com sua presença marcante é mais um recurso para nos ajudar a entender a mente peculiar do artista. Um homem depressivo. Por isso não se espante se a tela ficar escura de repente.

Em alguns momentos do filme Van Gogh, Willem Dafoe, se comporta como uma criança, chora, sente falta de ar, corre, rola na grama, entre outras atitudes que não são esperadas de um homem adulto. Tanto que seu irmão fazia o impossível para protegê-lo do mundo. Mas, não seria esse o processo de se tornar adulto? Aprender a viver num mundo de cobranças no qual precisa abrir mão de si mesmo em favor da própria sobrevivência? Todos nós, pelo menos uma vez na vida já tivemos que fingir demência para fazer parte, ser aceito pelo grupo ou simplesmente ficar em paz. Porém, Van Gogh não compreendia essa sutileza da vida adulta.



Numa conversa Van Gogh declara que nasceu na época errada, como se as pessoas ainda não fossem capazes de entender o seu trabalho. Fato que realmente só aconteceu após sua morte. Seus quadros eram pintados furiosamente, com pinceladas grotescas e acúmulo de tinta sobre o suporte. Como Gauguin, Oscar Isaac, comenta num determinado momento da narrativa “é quase uma escultura de argila”. Planeje sua pintura antes de começar a execução dizia, na tentativa de colocar Van Gogh na caixinha dos pintores clássicos. Ainda bem que tal conselho foi ignorado, senão teríamos perdido um dos maiores gênios da pintura. Contudo, Van Gogh se perdeu num mundo que não estava pronto para uma pessoa tão complexa.



Como Van Gogh não conseguia se conectar com as pessoas, somente com sua arte, essa falta de habilidade social fez dele um homem solitário. Alguém que ficava no fundo do bar observando, esperando por qualquer migalha de conversa furada. No Entanto, seu estilo excêntrico e o alcoolismo fizeram dele persona non grata.

No Portal da Eternidade é um filme denso com uma narrativa quebrada e repleta de silêncios que tenta transportar a mente inquieta de Van Gogh na telona.













Ficha Técnica

Nome: No Portal da Eternidade
Nome original: At Eternity’s Gate
País: França
Data de estreia: 7 de fevereiro de 2019
Gênero: Biografia, Drama
Classificação: 14 anos
Duração: 110 minutos
Distribuidora: Diamont Films 
Direção: Julian Schnabel
Elenco: Willem Dafoe, Rupert Friend, Oscar Isaac, Mads Mikkelsen, Mathieu Amalric, Emmanuelle Seiger, Anne Consigny e Niels Arestrup.


Kika Ernane, Karina no RG, e sou multitasking (agora que aprendi o significado do termo segura). Uma mulher como muitas da minha geração, que ainda não descobriram como aproveitar a liberdade que lutaram tanto para conseguir. Muito menos administrar todas as tecnologias disponíveis. Enfim, estou sempre aprendendo.


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