Cinema

Crítica | Homem-Aranha no não tão complicado Aranhaverso

Com animação fascinante e roteiro bem escrito, o longa cativa o público do começo ao fim


A mais nova animação do cabeça de teia é uma explosão de cores! O estilo vai na contramão do CG muito usado nas telonas. A técnica consiste em novo processo onde cada pixel é tratado como uma linha ou um ponto de uma pintura, simulando os Pontos Ben-Day dos quadrinhos. A impressão que se tem é que vemos uma HQ em um mundo 3D.


O roteiro é uma aula de como um assunto complexo pode ser tratado de uma maneira simples e eficaz. A HQ Aranhaverso de Dan Slott tem um enredo complicado; o longa se baseia em algumas coisas e consegue criar uma adaptação consistente. Tratar de um assunto tão nebuloso da física pode parecer difícil numa animação, mas aqui o humor e o ritmo dão leveza ao assunto; e cá entre nós, a suspensão de descrença aqui é alta.

O roteirista Phil Lord (Tá Chovendo Hambúrguer e Uma Aventura Lego) é feliz em cada detalhe. Os diálogos são engraçados, as piadas são bem colocadas, o ritmo do filme é bom e os momentos de respiro na história são tão importantes quanto as cenas de ação. Sim, as cenas de ação são essenciais para o desenvolvimento do protagonista. Nada de tão diferente do que já conhecemos da “jornada do herói”, mas quando é bem-feito não cansa (apesar de ser previsível).

A visão que temos é do personagem Miles Morales, um adolescente do Brooklyn que se muda para uma nova escola de elite graças a uma bolsa de estudo. Morales automaticamente se sente deslocado e procura refúgio na sua arte que o grafite. A relação com pai e com tio traz uma trama interessante para o crescimento do adolescente.

Miles Morales
Quando ouvi o “eu te amo” do pai de Miles pela primeira vez, me pareceu banal e quase obrigatório. Conforme a história vai se desenvolvendo e o arco dramático ganha corpo, estas palavras vão recebendo mais significado e sentido.

Aqui o drama familiar é recorrente. Tanto para os vilões quanto para o herói. Quando numa família os seus membros se distanciam, o resultado pode ser irreversível. O longa deixa claro que este problema pode fazer com que a pessoa tome uma decisão errada levando à consequências trágicas. Gostei muito do resultado.

As diferentes versões do Aranha são bem contextualizadas. Pode causar estranheza, mas é justamente o fato de serem diferentes que traz vida ao filme. O tema do longa é cheio de esperança e apesar de ser clichê, saber que qualquer um pode ser o Homem-Aranha é uma mensagem poderosa tanto para as crianças quanto para os adultos.

Da esquerda para direita: Peni Parker, Gwen Stacy, Presunto-Aranha, Miles Morales, Peter Parker e Homem-Aranha Noir
A direção de Bob Persichetti, Peter Ramsey (A Origem dos Guardiões) e Rodney Rothman nos presenteia com imagens deslumbrantes e um ritmo único. Nada se perde e cada take nos dá impressão que foi pensado com cuidado, principalmente nas cenas de ação. Tudo foi montado para não confundir o espectador, pode parecer simples, mas é uma característica que vemos pouco hoje em dia.

O legado de Stanley Martin Lieber é exaltado e sua figura (junto com Steve Ditko, criadores do herói) homenageada à altura. Assistir ao filme depois do falecimento do mestre Stan Lee é emocionante.



Homem-Aranha no Aranhaverso é obrigação para todo mundo que gosta de super-heróis, animação e cinema. Vale muito a pena.

Pode parecer estranho esse alerta para os fãs, mas se tratando de um filme da Marvel: fique até o fim dos créditos finais!

Homem-Aranha no Aranhaverso tem estreia para 10 de janeiro de 2019.

Ficha Técnica:

Nome: Homem-Aranha no Aranhaverso
País: EUA
Data de estréia: 10 de janeiro de 2019
Gênero: Animação, Ação, Aventura
Classificação: Livre
Duração: 110 minutos
Distribuidora: Sony Pictures
Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Nicolas Cage, Jake Johnson, John Mulaney.


É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.


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