Nascido em 28 de dezembro de 1922, Stanley Martin Lieber estava destinado a mudar diretamente a história das HQs. Essa é uma pequena homenagem a Stan Lee, um resumo da sua extensa trajetória, para você descobrir a importância que esse mestre possui.
Desde pequeno um grande amante da escrita, Lee veio de família pobre e trabalhava em qualquer emprego que encontrava, sempre desejando lançar um livro e se tornar um escritor de sucesso no futuro.
Quando adolescente, entre os anos finais da década de 1930 e os iniciais da década de 1940, Lee trabalhava como uma espécie de faz tudo no escritório da Timely Comics que tinha como dono o empresário Martin Goodman. Goodman era marido da prima de Lee e foi ele quem o contratou para trabalhar na editora que, futuramente, se tornaria a Marvel Comics.
Nesse período, que nos dias de hoje é conhecido como A Era de Ouro das HQs, Lee teve algumas pequenas participações nas produções de quadrinhos da Timely, mas nada relevante, porém é digno de nota que foi nesse momento que o nome Stan Lee surgiu, pois ainda com o sonho de se tornar um escritor de livros famoso ele não queria seu nome verdadeiro vinculado a trabalhos menores como textos para quadrinhos.
Mal sabia ele do futuro que o esperava...
Lee serviu na Segunda Guerra Mundial e, após o seu fim, os quadrinhos de super heróis não estavam mais no gosto popular. Após a Segunda Grande Guerra, a população americana percebeu que os verdadeiros heróis eram humanos, sofriam perdas, muito diferente daqueles exemplos de perfeição superpoderosos vistos nas páginas dos quadrinhos até então.
O ramo dos quadrinhos não era mais rentável, a Timely estava prestes a fechar as portas e, de acordo com a lenda que o próprio Lee contava, ele estava sentado na escada da editora, desesperado por estar prestes a perder o emprego e não saber como sustentaria a família, quando Jack Kirby (um dos grandes mestres da nona arte, que até então era conhecido por ser um dos criadores do Capitão América) ao passar, o viu naquela situação e propôs ajuda para produzir mais um quadrinho, a última esperança da editora.
Jack Kirby e Stan Lee. |
Era a década de 1960, período hoje conhecido como Era de Prata das HQs, quando reacendeu nos fãs o desejo de ler novamente super heróis. A DC deu os primeiros passos para definir o que seria essa Era ao relançar heróis como o Lanterna Verde, agora fazendo parte de uma patrulha intergaláctica ao invés de ter poderes mágicos, como era na Era de Ouro, e o Flash, que agora ganhava os poderes através de um acidente com uma explicação científica “possível”.
A Era de Prata é a era da ciência, os poderes passaram a ter uma explicação plausível dentro de um universo implausível, exatamente o que Lee tinha em mente.
De acordo com a mesma lenda contada por Lee, durante um jogo de golfe entre Martin Goodman e Jack Liebowitz, chefão da DC na época, esse segundo se gabou da novata revista da Liga da Justiça da América ir muito bem de vendas, o que levou Goodman a pensar que talvez uma nova investida na área de super heróis, mas agora com uma super equipe, pudesse ser uma boa ideia.
Juntando a vontade da dupla Lee e Kirby com o desejo de Goodman de tentar uma última vez, surgia assim o primeiro número do Quarteto Fantástico, inaugurando a nova editora Marvel Comics.
A combinação da arte explosiva de Kirby e do roteiro revolucionário de Lee causou um grande impacto na indústria de quadrinhos. Lee trouxe humanidade para os personagens. A química entre os membros do Quarteto era algo nunca antes visto na nona arte.
Capa da primeira edição do Quarteto Fantástico |
Era uma verdadeira novela.
Os personagens eram humanizados.
E as pessoas gostaram.
Isso foi só o começo. Depois so Quarteto vieram outros heróis, todos humanizados, como o Thor (um humano com problemas em uma das pernas que dividia o corpo com um Deus), o Incrível Hulk (um cientista que vivia perseguido pelo exército que ao ficar com raiva se transformava em uma criatura horrenda) e os X-Men (um grupo que era caçado e maltratado pela humanidade só por ser diferente) ainda em parceria com Kirby. O Homem-Aranha (um adolescente como a maioria dos leitores que passava por problemas típicos da adolescência) e o Doutor Estranho (um médico arrogante que precisa aprender a humildade quando não pode mais operar) surgiram da parceria entre Lee e Stevie Ditko, enquanto o Demolidor (um herói cego), nascia da dupla com Bill Everett, tudo apenas nos anos iniciais da editora, na década de 1960.
Lee, Kirby e Ditko |
O sucesso da Marvel e de seus heróis levou Lee ao estrelato. Além de dominar e definir o modelo de escrita da época, ele ainda sabia se promover junto a todos que trabalhavam com ele na editora, com apelidos marcantes como Stan “The Man” Lee e Jack “The King” Kirby.
Com o crescimento da editora, Lee saiu dos roteiros das revistas para se tornar o rosto público da Marvel, sempre tentando levar seus personagens para o cinema.
Entre as décadas de 1960 e 1990, participou da elaboração de diversos desenhos animados da Marvel, um seriado japonês do Homem-Aranha, séries para a televisão norte americana do Hulk e do Homem-Aranha, mas foi só na década de 2000 que, finalmente, viu seus heróis fazerem sucesso no cinema, principalmente a partir de Homem de Ferro (2008), que iniciou uma leva de filmes que seguiram tudo que ele pregou no início da Marvel: heróis humanizados e interligação entre as obras.
Lee já aparecia nas produções da Marvel muito antes dos filmes. |
Infelizmente, Stan Lee nos deixou em 12 de novembro de 2018, mas deixou um legado inimaginável.
Obrigado, Stan, por tudo que você criou e pela base deixada para tudo que veio depois.
Descanse em paz.
Excelsior!