Em suma, Mara é uma ex-negociadora de reféns especializada no comportamento humano que abandonou essa carreira devido a uma tragédia familiar e se vê de volta a ação quando Charlie (Dennis Haysbert) a chama para, assim como foi descrito no parágrafo inicial, trabalhar no projeto Reverie para salvar pessoas de suas próprias fantasias virtuais. O conceito, em si, é clichê, assim como em muitos procedurais, mas a execução é o que conta, e ela faz valer muito a pena.
Por lidar com realidade virtual, meu receio inicial, tecnicamente falando, seriam as cenas que envolvessem efeitos gráficos gritassem "eu fui feita em um chroma key (a conhecida tela verde)", como acontecia em Once Upon A Time. Felizmente, isso não acontece porque, além do CGI ser usado apenas quando era realmente necessário, a preferência por cenários e locações reais, embora aumentasse os custos gerais de produção, passava a sensação certa de credibilidade, em termos de roteiro. Nem virtual demais. Nem real demais.
Apesar disso, a produção de Mickey Fisher conseguiu, sutilmente, criar uma mitologia em torno de si a partir do ponto que Mara começar a tratar os casos utilizando a instável versão 2.0. Desde o uso terapêutico até como método de tortura e obtenção de inteligência (porque a Segurança Nacional é investidora do projeto), passando por termos técnicos como Dark Reverie e desrealização, tudo que é apresentado ao longo da temporada e é abordado, seja como casos, seja como consequências.
Elenco principal do seriado Da esquerda para a direita: Monica - Paul - Mara - Alexis - Charlie |
O desenvolvimento dos personagens, na maior parte das vezes, é flutuante. Tirando a Mara, por motivos óbvios, e a Alexis (Jessica Lu), que já vem com um passado complicado que, inicialmente, faziam ela questionar a presença da Mara na equipe e ter envolvimento mínimo, quase inexistente, com os casos, algo que muda a partir do 4º episódio, os demais variam de importância no decorrer da temporada.
Resumindo, Paul (Sendhil Ramamurthy) começa e termina sendo um cúmplice/confidente da Mara e suas ações, embora seja o responsável por apresentar a Mara e ao público, através de diálogos expositivos, a mitologia. Charlie só aparece para tratar das relações interpessoais entre a equipe e familiares, mesmo tendo uma forte ligação com Alexis e Mara. Monica (Kathryn Morris), como representante do Departamento de Defesa do governo americano, apresenta um envolvimento com Charlie e apresenta ocasionais casos que desafiam todo o elenco, pessoal e profissionalmente.
Além deles, ainda tivemos Oliver (Jon Fletcher), ex-funcionário do projeto Reverie com problemas de instabilidade mental que conhece as instabilidades da versão 2. que a Mara usa e, em muitos casos, é tratado como um "vilão" dessa temporada (honestamente, ele foi mais desenvolvido que o Charlie) e Dylan, a inteligência artificial do prédio que auxilia com informações essenciais para os casos e possui um passado com Alexis, além de proporcionar takes que lembram muito Person Of Interest, que, curiosamente, foi uma produção onde Sarah era protagonista nas temporadas finais.
Alexis e Mara, os verdadeiros destaques do show |
Em suma, Reverie é um procedural que não esconde ser um procedural, mas que consegue crescer dentro de si com tramas semanais diferentes, uma mitologia que poderá/deveria ser mais explorada e um potencial imenso de crescimento de trama e personagens em uma possível segunda temporada. Estranho pensar que já faz quase 2 meses desde que o último episódio foi exibido e a NBC ainda não se posicionou quanto ao destino do seriado. Esperemos pelo melhor.