Séries & TV

The Resident - 1ª temporada promove uma medicina próxima do real que intriga

Série se destaca por mostrar uma medicina como negócio, onde o dinheiro vale mais do que a vida


Uma sala de cirurgia. Paciente na mesa. Olhos atentos. Tudo a perder. Poderia ser a cena qualquer de uma série qualquer de um drama médico qualquer se não fosse um detalhe. Aqui os cirurgiões fazem de tudo para sair com a reputação ilesa quando o pior acontece. Procuram culpar as enfermeiras, a anestesia geral, o atendimento de emergência, tudo e todos, menos eles mesmos. Porque aqui o que mais vale é o dinheiro, a fama, o crédito pelo trabalho dos outros. Mas um residente quer se opor a tudo isso. Bem-vindos a The Resident.


E, assim, de repente, virou amor


The Resident, assim como The Good Doctor, foram séries injustamente ignoradas por mim ao longo desse ano por puro e simples julgamento errôneo. "Ah, são só cópias de Grey's Anatomy, E.R. Plantão Médico, esse tipo de drama médico que já tá é saturado", disse o ingênuo Gian. Por parte ele estava certo. Existem muitas séries médicas por aí, muito mais conhecidas do que as anteriormente citadas. Por outro lado, só bastou um episódio qualquer que estava passando na programação de Domingo na FOX, para que eu sentisse um gostinho especial.

E pensar que eu quase deixei passar essas duas pérolas do gênero médico...

Enfim, voltando à série. Sob o slogan "Pode um doutor salvar um sistema quebrado?", The Resident conta a luta diária de Conrad Hawkins (Matt Czuchry, o Logan de Gilmore Girls), seu pupilo Devon Pravesh (Manish Dayal, o Raj de 90210) e sua amiga/amante/é complicado Nicolette Nevin (Emily VanCamp, a Amanda de Revenge) no Chastian Park Memorial Hospital contra as "injustiças" do chefe do setor cirúrgico Randolph Bell (Bruce Greenwood, o Almirante Pike de Star Trek de 2009) e as suspeitas atividades de Lane Hunter (Melina Kanakaredes, a Stella de CSI Nova York) e sua clínica de tratamento para câncer.

Exibida originalmente para trazer apenas 14 episódios e 7 protagonistas, semelhante ao que aconteceu no primeiro ano de Grey's Anatomy, o roteiro se beneficia. Cada personagem possui aproximadamente a mesma média de tempo de tela por episódio. Ninguém é esquecido quando o assunto é o desenvolvimento. E é aí que entra a quantidade baixa de episódios, um dos maiores acertos desse primeiro ano.

Elenco da primeira temporada e os produtores da série (os três à direita)

Mesmo seguindo o formato padrão desse tipo de série, a produção se beneficia por trazer uma história principal que conecta todos os 5 anteriormente citados e progride conscientemente, sabendo quando parar e sabe como, indiretamente, dar continuidade através das consequências da primeira história, com ambas durando 7 episódios. Eu não vou dar spoilers, mas eu me senti muito feliz com o fechamento desse arco porque ele conseguiu atingir o nível esperado dado o caminho levado a chegarmos nesse determinado ponto.

Além disso, ainda temos Mina Okafor (Shaunette Renée Wilson, que fez uma pontina em Pantera Negra) que, embora seja um ponto fora do plot principal, brilha por ter seu próprio envolvimento com o Dr. Bell e, em momentos-chave, tratar a questão dos negros e estrangeiros nos EUA através de si própria. É aquela crítica social que não rouba muita atenção, mas se faz presente.

A alma do negócio


É aqui que o show se destaca nesse oceano de dramas médicos. Enquanto produções focam mais na precisão cirurgia e no desenvolvimento dos personagens, The Resident se aproxima da realidade ao abordar a medicina com o lado financeiro que ela é. A todo tempo somos apresentados a casos e descasos regidos pelo dinheiro, como apontei no parágrafo inicial.

Citando um caso que aconteceu, a chefia do hospital rejeitou atender uma paciente por ele não ter plano de saúde e, horas depois, descobriram que ela era membro de uma família de nobres e, não só resolveram atendê-la, como a colocaram na ala VIP do Chastain. E isso é só um caso. Se você já está indignado com isso, prepare-se para sofrer essa sensação pela temporada inteira.

Às vezes a vida de alguém é medida em quantos dólares você ganha ao salvá-la

Todo estudante em medicina, no ato da formatura, faz o chamado Juramento de Hipócrates, onde, solenemente, juram não causar dano, não aconselhar ou induzir algo que ponha em risco a vida humana, entre outros pontos. É lindo? Com certeza. As coisas se mostram bem diferentes fora da escola.

Existe um simbolismo nisso tudo a meu ver. Devon somos nós, seriadores, estudantes de medicina esperançosos, que querem viver nesse mundo, Randolph é um tipo de doutor que só age quando lhe é conveniente e seguro (e lucrativo) e Conrad é aquele tipo de médico que quer ajudar a todos, sem pensar nas consequências para o lado financeiro e nem para questionamentos morais. Quem é você dentre eles? E o que você fará quanto sua posição?

Com a segunda temporada prevista para estrear no dia 24 de Setembro na FOX americana, The Resident consegue entregar um primeiro ano sólido. Se a qualidade será mantida ou cairemos em repetições de plot cada vez menos ousados, só o tempo dirá.



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