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Crítica - Stranger Things 2 - Maior, melhor e mais bonita

Série se apoia menos na nostalgia e abre espaço para o desenvolvimento de personagens

Lançada em 2016 sem nenhum alarde, Stranger Things rapidamente se tornou um dos maiores sucessos originais da Netflix. A junção do suspense com as grandes atuações de adultos e crianças e a carga altamente nostálgica catapultaram o seriado criado por Ross e Matt Duffer a um clássico instantâneo. E depois de toda a hype criada pelo primeiro ano, Stranger Things 2 tinha uma missão difícil: trazer a toda a qualidade de volta sem o sentimento de prato requentado. A missão do espectador, em compensação, é fácil e prazerosa.


Começando pelas lições aprendidas com o primeiro ano, os irmãos Duffer e o diretor/produtor Shawn Levy ouviram os críticos mais duros que diziam que a série se apoiava apenas na nostalgia de seus espectadores. Como resposta, o trio decidiu pegar mais leve no quesito, focando mais no desenvolvimento de personagens menos explorados no primeiro ano.

O ponto de partida da temporada é simples: após quase um ano sem Eleven (Millie Bobby Brown), Mike (Finn Wolfhard) se esforça para retomar sua vida normal, principalmente com a volta de Will (Noah Schnapp), seu melhor amigo, que se torna o centro de suas atenções. Já Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) competem pela admiração da recém chegada Max (Sadie Sink), vinda com a família da California.

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A ideia dos produtores para o desenvolvimento de cada um de seus personagens, novos e velhos, é simples: separar duplas bem definidas logo no início da temporada, com alguns coringas flutuando por alguns episódios. Essa tática ajudou não só a desenvolver melhor a trama, mas a introduzir rapidamente e sem sustos novos personagens, como Max e o simpático Bob (Sean Astin), novo romance de Joyce (Wynona Rider).

As adições ao elenco conquistam e convencem rápido: Sean Astin, o eterno Sam Gamgee, entrega um Bob tão maravilhosamente nerd que é como se víssemos o destino dos garotos no namorado de Joyce. Já Billy (Dacre Montgomery) é o vilão humano que Steve (Joe Keery) não conseguiu ser: diferentemente do namorado de Nancy (Natalia Dyer), o valentão não tem nenhuma qualidade redimível e é um prazer ver sua irmã Max se virar contra ele.

Dacre Montgomery: de Ranger vermelho ao bad-boy mais odiado de Hawkins

A ameaça sombria dessa continuação é, assim como a temporada em si, muito maior que um simples Demogorgon. Em seu lugar, surge uma criatura gigantesca do Mundo Invertido, que começa a espalhar raízes e criaturas pelo nosso mundo, com o intuito de, aos poucos, dominar ambas as dimensões.

Os roteiros também estão melhores do que a temporada inicial, por incrível que pareça. Como já foi dito, as referencias aos anos 1980 ainda estão presentes, mas sem o mesmo peso apelativo do ano passado. Em seu lugar, o terror e o suspense ganharam proporções maiores e mais interessantes, reforçados por efeitos especiais melhor acabados, graças ao orçamento generoso dado pela Netflix.

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As atuações seguem na mesma linha. Se antes vimos muito de Finn Wolfhard e Millie Bobby Brown sob os holofotes, agora é Noah Schnapp que desbanca os colegas adultos. O garoto mostra um Will aterrorizado e aterrorizante, com uma atuação digna dos filmes de terror mais clássicos do cinema. Já Wynona Rider e David Harbour continuam com a boa forma da última temporada, mostrando que têm muita lenha para queimar e que encontraram os papeis de suas vidas em Joyce e Hopper.

Como poucas vezes se vê na televisão atual, Stranger Things 2 conseguiu manter uma temporada sensacional, sem alterar altos e baixos, fixando-se sempre no ápice nos quesitos roteiro, direção e atuação. Da cena inicial dos garotos no arcade ao baile de inverno ao som de Every Breath You Take, do The Police (que nada mais é do que um gancho genial para a terceira temporada), a série não só aumentou todas as proporções e riscos de sua estréia, como aprendeu com seus erros e deu aos espectadores o melhor drama televisivo do ano até agora.

Stranger Things 2 chegou à Netflix em 27 de outubro. Uma série de entrevistas com o elenco e os produtores, chamada O Universo de Stranger Things, com 7 episódios, chegou à plataforma na mesma data.

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