Um velho inimigo ressurge para um novo JoJo
A história se passa 50 anos após os eventos de Battle Tendency (bem no final dos anos 80), agora não mais em terras americanas ou europeias, mas sim no Japão, onde conhecemos o JoJo da vez: Jotaro Kujo, o neto de Joseph Joestar. A trama começa quando Holy Kujo, a filha de Joseph com Suzie Q, liga para seu pai pedindo-lhe ajuda, já que seu filho adolescente Jotaro encontra-se preso (por sua própria vontade) após manifestar um estranho poder que não era o Hamon, mas sim uma espécie de espírito incrivelmente forte e rápido que está preso a ele.
Sim! Ele voltou, e agora mais poderoso do que nunca! |
Após uma pequena intriga de gerações entre neto e avô, Joseph diz a Jotaro que este espírito que ele manifestou é chamado de Stand e que todos os membros da família Joestar possuem este bizarro poder (o próprio Joseph mostra que ele também o possui). Na verdade essa energia se manifestou em seus corpos devido a um grande mal que havia retornado do mundo dos mortos: Dio Brando, o arqui-inimigo dos Joestar (e agora apenas chamado de DIO), ressuscitou ainda mais poderoso e assumindo o corpo de Jonathan (o primeiro JoJo e avô de Joseph), além de espalhar pelo mundo vários usuários de Stands para caçar os membros da família Joestar. Pra piorar as coisas, Holy corre risco de vida após manifestar este poder, e cabe a Jotaro juntamente com se avô e mais alguns camaradas derrotar o Dio para salvar a vida de sua mãe.
Não é uma luta apenas do Jotaro, mas sim de toda a família Joestar! |
Do Hamon aos Stands
Diversas coisas novas foram inseridas neste arco, porem dentre todas elas certamente a de maior destaque é o novo poder utilizado pelos personagens: os Stands. Diferente do Hamon (poder trabalhado nos dois primeiros arcos da série), os Stands são espíritos que tem a capacidade de se materializar, assumindo uma forma humanoide ou de um objeto. Além disso, os Stands podem praticamente lutar no lugar de seu usuário, bem como possuem singularidades próprias: alguns são extremamente bons em embates corpo-a-corpo, outros podem difundir-se em determinados materiais, há os que podem criar armas e lançá-las em seus adversários e tem até mesmo aqueles que conseguem distorcer a realidade e por ai vai.
Eis que o poder se personificou, e assim surgiram os Stands! |
Estes também são divididos em três categorias: Não-remotos (os que permanecem próximo ao usuário, porem são incrivelmente fortes), Remotos (os que podem se distanciar do usuário, porém tendem a se enfraquecer ao fazer isso) e Automáticos (os que agem de forma independente da vontade de seu usuário). Uma das principais razões para a substituição do Hamon pelos Stands se deu pelo fato de Hirohiko Araki (criador da série) querer dar uma identidade única para sua obra, já que o poder do Hamon era muito semelhante ao do Hokuto Shinken, poder utilizado por Kenshiro no mangá/anime Hokuto no Ken, e os Stands trouxeram um teor diferente para a série porem mantendo toda a tradição e essência da mesma, além de agradar bastante aos fãs.
Rock'n Roll e Tarô numa união bem bizarra
Cada arco de JoJo sempre teve uma peculiaridade a parte que trazia mais charme para o contexto da história. Se no primeiro tivemos um pouco das famosas lendas inglesas e no segundo vampiros com um ar nativo americano, desta vez temos os poderes dos personagens sendo representados pelas cartas de Tarô, famoso jogo de cartas exotérico no qual cada Stand acaba por ser a representação de um dos 22 arcanos maiores (o Star Platinum de Jotaro representa a carta A Estrela, a Hermit Purple de Joseph representa a carta O Eremita, a Magician's Red de Avdol representa O Mago e assim por diante). Já na segunda etapa deste arco, os demais Stands são representados pelos principais deuses egípcios.
Os Jostars contra Death (Morte) e Star/Chariot (Estrela/Carro)? |
Outra curiosidade sobre este arco se dá pelo local onde a trama tem seu maior desenrolar e exatamente onde o vilão DIO se encontra, ou seja, no Egito. Trata-se de uma homenagem a um disco do rockeiro Ronnie James Dio chamado Egito, um modo bem interessante de homenagear tanto o músico como também uma de suas canções. Vale lembrar que este foi também o primeiro arco protagonizado por vários personagens além do principal JoJo, isso sem contar os Stands que assumem formas de seres e que são um destaque a parte.
Pois é, até a jornada para o Egito foi pensada como homenágem ao rock'n roll |
Referências pra ver e prever
Stardust Crusaders é também muito famoso por ter o maior número de referências ao rock'n roll comparado a seus arcos anteriores (e até a alguns posteriores): O personagem Muhammad Avdol tem seu nome baseado na cantora americana Paula Abdul, enquanto Jean Pierre Polnareff é baseado no musico francês Michel Polnareff. O cão Iggy é uma homenagem ao nome artístico do musico James Newell Osterberg, Iggy Pop, enquanto que a velha Enya recebe este nome em referência a cantora irlandesa Enya.
Bem que podiam montar uma banda, não ? |
Os personagens Captain Tennille e Hol Horse tem seus nomes baseados nas duplas de rock Captain and Tennille e Hall and Oates, ao que Devo the Cursed, J. Geil, ZZ e Steely Dan são homenagens as bandas Devo, The J. Geils, ZZ Top e Steely Dan. O personagem Gray Fly tem seu nome baseado no musico Glenn Frey, enquanto que Rubber Soul e Orangotango Forever são homenagens aos álbuns Rubber Soul dos Beatles e Wu-Tang Forever do grupo Wu-Tang Clan.
O primeiro usuário do Stand Anúbis, Caravan Serai, tem seu nome baseado no álbum Caravanserai da banda Santana, enquanto que os usuários posteriores, Chaka e Khan, são uma homenagem a cantora Chaka Khan.Outro fato curioso é que quando Joseph tenta usar Hermit Purple numa televisão para detectar DIO de Singapura, seu Stand lhe mostra programas de TVs aleatórios, sendo que entre estes é mostrada a capa do álbum de estreia do musico Tom Petty, Full Moon Fever, e outro mostra uma propaganda do canal MTV dos anos 80. Semelhante a Arco 2, no ultimo capitulo Joseph ouve "Get Back" do The Beatles em seu walkman.
Já no anime, a música do primeiro encerramento é "Walk Like An Egyptian" do grupo Pop americano The Bangles, enquanto que a do segundo é "Last Train Home", cantada pelo grupo Pat Metheny Group.
Jotaro, por mais reservado que seja, também pode ser bem aproveitador quando quer... |
Simplesmente, o arco mais famoso de todos!
O arco tem um teor de "Jornada do Heroi" onde em cada episódio Jotaro e seus amigos passam por um lugar diferente e cada personagem do grupo vai tendo um gradativo crescimento e desenvolvimento durante a história. No entanto tal formula acaba ficando bem previsível e repetitivo com o decorrer do enredo, já que há um número grandioso de vilões secundários que por vezes só tem importância apenas naquele episódio, e depois de derrotado acaba sendo deixado de lado. É a famosa formula "vilão com um Stand aparece, os heróis tem que descobrir qual é o poder desse Stand, bola-se um plano pra derrota-lo, o vilão é vencido e os heróis prosseguem seu caminho" o que passa a ideia de um enredo bem linear, deixando este arco um tanto cansativo (principalmente por se tratar de um dos maiores arcos até então).
Jotaro vs. Dio. Pergunto-me se isso seria spoiler ou simplesmente o que todos já esperavam que acontecesse... |
Felizmente já bem perto dos episódios finais (próximo aos dez últimos), o arco consegue compensar todo esse "repeteco" entregando plots incríveis com uma batalha frenética pra ninguém botar defeito (sem dúvida uma das melhores lutas de toda a série JoJo, se não for a melhor). Devido a ser o primeiro de toda a obra a introduzir os Stands (que passou a ser a marca registrada da série), além de contar com a presença dos personagens mais importantes dos antigos arcos numa roupagem completamente nova e sem mencionar aquele que é considerado por muitos como o melhor JoJo de todos os tempos (Jotaro Kujo, com sua personalidade fria, irônica e badass), é que Stardust Crusaders reteve toda esta fama e fincou tudo o que precisava para fazer de JoJo's Bizarre Adventure uma série inesquecível, com uma excelente ambientação remetendo aos anos 80/90 e mantendo todo o contexto de ação e bizarrices que fez dessa obra o que ela é hoje.