Hiroya Oku se aclamou como mangaká com sua obra Gantz, um
clássico e já canônico mangá de ficção científica com requintes de (muita)
violência, que foi publicado entre 2007 e 2014 no Brasil. Depois desse hiato de
três anos, outra obra de Oku chega às terras brasileiras, Inuyashiki, outro
mangá de ficção científica.
Inuyashiki, que dá nome ao mangá, é um senhor de 58 anos
(com aparência de 70 ou 80) muito infeliz com as injustiças do mundo e mais
ainda por trabalhar num emprego que não gosta para sustentar sua família, que frequentemente
o maltrata. Se já não tivesse tristezas suficientes, o protagonista descobre que
tem um câncer em estado avançado que logo irá o matar. Esse poderia ser o fim
da história, mas no mesmo dia o senhor resolve dar um passeio para pensar até que é atingido por uma nave espacial e morre. Ou quase morre. No dia
seguinte, Inuyashiki acorda e descobre que se tornou um robô. Com esse novo corpo
cheio de poderes, ele passa a usar suas novas habilidades para reparar as injustiças do mundo.
Mas é claro que, sendo um mangá do mestre Oku, a violência
não poderia estar de fora. Junto com Inuyashiki, o adolescente Hiro Shishigami
também é atingido pela nave espacial e transformado em robô. Shishigami, ao
contrário de Inuyashiki, não tem nenhum respeito pela vida em sociedade e passa
a matar desenfreadamente para explorar os poderes que seu novo corpo lhe deu.
Através dessa dualidade entre bem e mal, Oku leva o leitor a
questionar vários aspectos negativos da vida em sociedade, como o bullying, as
gangues de rua, a violência aos sem-teto, entre outros. Para fãs de Gantz, Inuyashiki
tem muito da computação gráfica de Oku, que dá um toque de realismo aos robôs
em aspecto 3D e a alguns fundos feitos a partir de imagens reais. Inclusive,
já que mencionamos Gantz, Oku faz uma rápida propaganda a Gantz, tão na cara
dura que chega a ser hilária.
Gantz fazendo uma participação especial no mangá |
Inuyashiki está sendo lançado bimestralmente no Brasil pela
Panini e atualmente está em seu segundo volume, lançado em julho. O trabalho da
Panini em cima do mangá está particularmente bem feito, com capas com efeito
foil e que fazem uso de uma espécie de chiaroscuro para denotar a dualidade entre
Inuyashiki e Shishigami: nos volumes em que o senhor está na capa o fundo é
claro, com referências diurnas, enquanto nos volumes em que o adolescente está
na capa o fundo é escuro, com referências noturnas. No Japão, o mangá está em
seu oitavo volume, e especula-se que termine por volta do décimo.
O efeito chiaroscuro que demonstra a dualidade entre bem e mal nas capas de Inuyashiki |