Dragon’s Dogma foi uma boa aposta da Capcom para PlayStation 3 e Xbox 360. O RPG de ação vendeu bem o suficiente para uma nova franquia e criou uma legião de fãs – e eu estou entre eles, como deixei claro em minha crítica publicada no GameBlast sobre o port para PC. Fiquei surpreso quando a JBC anunciou que traria o mangá Dragon’s Dogma Progress ao Brasil, já que a lista de títulos mais propensos a ganhar espaço nas bancas é enorme. E, embora o fã em mim esteja feliz com essa decisão, não parece ter sido tão boa do ponto de vista editorial.
Com apenas duas edições, Dragon’s Dogma Progress adapta a trama principal do game até certo ponto. É a história de Carroll (Karol no original), um jovem de uma pequena vila chamada Cassardis. O vilarejo é atacado pelo dragão Grigori, que rouba, literalmente, o coração de Carroll após uma tentativa frustrada de enfrentar o monstro. Tal ação faz com que o protagonista torne-se um Arisen (termo estranhamente traduzido como Mestre Desperto), um escolhido que deve vencer o dragão para recuperar o coração.
Isso é só o ponto de partida de uma aventura que, nos consoles, pode levar mais de 50 horas para completar. Como a empreitada da Capcom nos quadrinhos foi planejada para ser curta, tiveram que deixar muitos detalhes de lado. Isso fez bem para o enredo, que muitas vezes é contado de forma desconexa no game, mas que ganha uma linha narrativa bem mais coesa no mangá. Fica claro que a empresa quer que Dragon’s Dogma Progress sirva para fazer o leitor se interessar pelo game.
O traço de Hirotoshi Hirano é bem detalhado, embora os rostos dos personagens pareçam muito genéricos |
Aventura relâmpago
Duas edições de 160 páginas significa que não pode perder tempo. Cada capítulo adapta uma das missões principais do game ao mesmo tempo em que avança um pouco da história e explica o mundo de Dragon’s Dogma ao leitor. Logo no começo já descobrimos sobre os Pawns (Peões), criaturas com forma de humanos que vivem para servir ao Arisen e ajudá-lo a vencer o dragão e pouco depois entendemos o quão peculiar é essa relação.
Carroll serve de personificação do personagem que seria criado pelo jogador. Enquanto no game poderíamos escolher sua classe, o mangá o coloca como um guerreiro. Também criamos um segundo personagem, que adota o papel de Pawn principal. Em Progress, é representado por Elize, uma Strider (Batedora) capaz de lutar com adagas e habilidosa com o arco e flecha. O time é composto por mais dois Pawns com quem Carroll cruza durante a trama.
Carroll serve de personificação do personagem que seria criado pelo jogador. Enquanto no game poderíamos escolher sua classe, o mangá o coloca como um guerreiro. Também criamos um segundo personagem, que adota o papel de Pawn principal. Em Progress, é representado por Elize, uma Strider (Batedora) capaz de lutar com adagas e habilidosa com o arco e flecha. O time é composto por mais dois Pawns com quem Carroll cruza durante a trama.
O dinamismo da equipe foi trabalhado de uma forma esperta. Nosso Pawn principal pode ser invocado por outros jogadores, assim como os outros dois integrantes de nosso time podem ser os Pawns criados por outras pessoas. Há um problema: Tirando o jogador e seu Pawn, os outros não ganham experiência, demandando que sejam substituídos com frequência. Sem esse recurso, o mangá usa a trama para justificar a troca constante de personagens.
Foi desenhado por Hirotoshi Hirano. Não se incomode se nunca tiver ouvido esse nome. O autor é praticamente desconhecido no ocidente, com apenas outros dois trabalhos de sua autoria. Uma pena, pois seu traço é bem detalhado, apesar dos rostos parecerem um pouco genéricos demais - um integrante da equipe do GeekBlast, logo que viu a capa, disse que Elize parece a Cammy.
Todo o terror do dragão Grigori. E isso é só o começo da aventura. |
O maior vilão de Dragon’s Dogma Progress é sua velocidade. Poderia ter, pelo menos, mais uma edição, dando espaço para trabalhar melhor o material. Algumas cenas de combate são muito rápidas e, por pular de uma missão para a outra para ganhar tempo, acaba perdendo a ótima sensação de aventura causada pelo jogo, de desbravar um terreno desconhecido e enfrentar grandes inimigos. A luta contra o Grifo, um dos melhores momentos do game, perde totalmente a graça no mangá.
Custando R$ 12,90 por volume, Dragon’s Dogma Progress parece um bom negócio, já que é uma história curta. Porém, prepare-se para acabar gastando mais. Como disse anteriormente, a Capcom criou o mangá para incentivar o leitor a ir atrás do game. É difícil explicar sem fazer um spoiler, então direi apenas que só será possível entender tudo ao completar o jogo. Se gosta de RPGs e jogos de ação, recomendo firmemente que vá atrás de Dragon’s Dogma (em sua versão mais completa, Dark Arisen). Para quem já se divertiu no controle de seu próprio Arisen, fica apenas uma possibilidade de relembrar suas aventuras com uma visão diferente.
Ficha técnica
Dragon’s Dogma Progress
Autor: Hirotoshi Hirano
Volumes: 2
Páginas: 160
Preço: R$ 12,90
Formato: 12 x 18 cm
ISBN: 978-85-69212-23-2
Editora JBC