Séries & TV

Crítica: Legion – A estranha série dos X-Men

Série Legion promete ser diferente da avalanche dos heróis na telinha

Oficializada pela FX em maio de 2016, muita gente recebeu a ideia de Legion, primeiro seriado ligado ao universo cinematográfico dos X-Men, com o pé atrás, já que Marvel e DC estavam inflando o mercado televisivo com seus próprios programas com públicos e personagens já bem estabelecidos. A proposta da FOX, porém, entrega uma série completamente diferente da grandiloquência dos seriados da Marvel ou do clima novelão das séries DC: Legion é única.


Dan Stevens como David Haller
Com um episódio claustrofóbico, a estreia de Legion acompanha o que parece ser nada mais do que o interrogatório de David Haller (Dan Stevens), que conta suas experiências no manicômio, onde está internado por ouvir vozes. À primeira vista, Legion parece estranha e assusta quem estiver procurando “só mais uma série de super-herói”, com quebras temporais repentinas e propositalmente confusas, refletindo a cabeça de Haller.

 Ao longo da estreia, conhecemos Syd (Rachel Keller), interesse amoroso de David no manicômio, que, num primeiro momento tem fobia de toque, Lenny (Aubrey Plaza), parceira de drogas e melhor amiga do protagonista, além de alguns membros da instituição.

Embora seja completamente diferente das atuais séries de superpoderes, Legion não deixa de beber da mesma fonte das coirmãs. A inocência de David em acreditar que realmente é esquizofrênico lembra Kara de Supergirl, enquanto Melanie Bird (Jean Smart), responsável por resgatar e acolher mutantes, mostra um quê do primeiro Harrison Wells de Flash.
Não pode tocar: David e Syd "de mãos dadas"

Ainda assim, a narrativa pouco linear e a intensidade das atuações elevam Legion a outro tipo de série, com até mesmo os momentos cômicos tendendo a ser desconfortáveis, tudo porque sentimos que somos nós os interrogados pelo agente interpretado por Hamish Linklater.

É só na segunda metade da estreia que a palavra “mutante” aparece, junto com um respiro de familiaridade. Com ela, percebemos poderes e voltamos a acreditar naquele universo criado em 2000 por Bryan Singer e companhia.

O segundo episódio, estruturado da mesma forma confusa e esquizofrênica da première, serve para nos reintroduzir de vez neste mundo, explicando poderes e personagens, mas sem perder a tensão que faz de Legion uma série única no universo dos quadrinhos, superando, até mesmo, as aclamadas parcerias entre Marvel e Netflix.

Artisticamente, Legion é um respiro necessário para a enxurrada de superpoderes que invadiram a televisão americana, diferente em quase todos os sentidos, mais intensa em todos os momentos. Se a FOX mantiver a qualidade, Legion pode tapar o buraco de Game of Thrones, que chega às suas últimas temporadas. Caso contrário, podemos ter em mãos mais uma Firefly.

Legion é exibida no Brasil pelo FX, às 22:30, toda quinta-feira, com um dia de diferença para os EUA. A primeira temporada terá 8 episódios.


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