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Crítica: Imperfeitos - Cecelia Ahern

Mundo distópico de Imperfeitos é pano de fundo para Cecelia fazer uma crítica social aos padrões da sociedade.


Imperfeito: Errado, defeituoso, maculado, danificado, distorcido, deteriorado, inadequado, deficiente, incompleto, inválido. (De uma pessoa) que apresenta uma falha de caráter. É com essa definição que a premiada autora Cecelia Ahern inicia a primeira obra literária voltada ao público young adult da sua carreira: Imperfeitos, lançado no Brasil pela Editora Novo Conceito. Esta crítica não possui spoilers da trama!

Celestine é uma menina de definições. De lógica. De preto no branco. Não podemos nos esquecer disso. A protagonista ostenta uma vida perfeita, sem espaço para erros ou questionamentos. Mas, até que momento a perfeição deve prevalecer acima de outros valores?

Em um futuro distópico, a sociedade está cansada dos erros de caráter dos líderes políticos. Para tanto, cria-se "O Tribunal", uma espécie de fórum especializado que analisa os erros das pessoas e as catalogam. Estes, imperfeitos, não são dignos de representar o povo e, ao passar do tempo, nem de viver em harmonia com o restante da sociedade. Para tanto, estes são submetidos ao julgamento do temido Juiz Bosco. Os considerados imperfeitos são marcados com a letra I no corpo. Para quem toma decisões ruins, o I é inserido na têmpora; quem mente, na língua; trapaceiros recebem na palma da mão direita; enquanto que deslealdade com o Tribunal é marcado no peito, sobre o coração.


Bosco tem um filho chamado Art. Ele segue as premissas do pai e busca, acima de tudo, ser sempre perfeito. Ele é popular e namora uma das meninas mais belas e perfeitas da cidade: Celestine.

É neste simples cenário que somos apresentados à família de Celestine: mãe, pai e dois irmãos, todos tão perfeitos quanto devem ser. Todos eles temem o Juiz Bosco, diferente de Celestine, que está acostumada a praticamente viver na casa do sogro e o ver nas mais diversas situações: como passando mal após uma noite de bebedeira ou até mesmo vagando pelas madrugadas trajando apenas meias e cueca para fazer um lanche na cozinha. E é exatamente por este motivo que Celestine, além de Art, é a única que não teme a figura do Juiz.

O livro traz uma reflexão simples: em uma sociedade de preconceitos tão enraizados culturalmente, vale a pena levantar-se contra o sistema e defender aqueles que estão sendo injustiçados? Até que ponto a busca pela perfeição e parâmetros impostos pela sociedade é mais importante que uma personalidade unica e a felicidade plena?

Para a protagonista, até o auge da juventude, o mais importante era ser perfeita. Mas, ao se deparar de frente com uma situação injusta, questões sobre o que ela julga certo e errado começam a ruir com a imagem de vida perfeita que possuía. E, nesta reviravolta, Celestine precisa saber se será forte o suficiente para encarar o julgamento mais severo de todos: o seu - e, por consequência, colocar em risco sua relação com Art e o envolvimento com sua família.


Cecelia Ahern já é conhecida do grande público. A jornalista é escritora de best-sellers como P.S.: Eu Te amo e Simplesmente Acontece (ambos ganharam adaptações cinematográficas), além de outras obras como: A Vez da Minha Vida, O Presente e Como se Apaixonar.

Em Imperfeitos, Ahern aposta no publico young adult e utiliza de toda a delicadeza para tratar de assuntos atemporais como preconceito e a pressão da sociedade sobre os jovens. É um tapa suave na cara de toda uma sociedade através dos pensamentos de Celestine. Vale a pena a leitura.

No Brasil o livro está disponível para venda nos formatos e-book e livro físico. A publicação é da Editora Novo Conceito.

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