Depois de uma retomada de folego surpreendente na sexta temporada, muitas expectativas foram criadas em torno do sétimo ano, principalmente após confirmações do reencontro dos Starks sobreviventes e da chegada de Daenerys (Emilia Clarke) a Westeros.
O que se viu em tela, porém, foram episódios que, apesar do talento dos atores e da equipe técnica, amontoaram diversos acontecimentos em poucos parágrafos de roteiro, fazendo com que momentos importantes se tornassem facilmente esquecíveis em meio à confusão de fatos transmitidos, como as primeiras duas derrotas de um dos principais exércitos da Guerra dos Três Reis sendo completamente esquecidas ao fim da temporada.
Daenerys finalmente chegou a Westeros com seu exército |
Paradoxalmente, alguns núcleos tornavam-se lentos e pareciam se arrastar sem necessidade, com uma atenção e preciosismo que, por vezes, pareciam desnecessários. A estadia de Jon Snow (Kit Harington) em Pedra do Dragão, por exemplo, tomou quase toda a temporada, enquanto Daenerys e Cersey (Lena Headey) derrubavam castelos e navios com seus exércitos em ritmo avassalador.
Assim como o irmão, Sansa (Sophie Turner), presa em Winterfell, tem uma temporada falha: a escolha de torná-la uma nova jogadora do Jogo dos Tronos é ótima, mas o ritmo e a maneira como o roteiro abordava a personagem fez com que ela retrocedesse da mulher forte que derrotou Ramsey Bolton (Iwan Rheon) na sexta temporada. A atuação pouco inspirada de Turner também não ajudou no quesito.
Sansa e Sophie Turner apareceram pouco inspiradas em 2017 |
Falando em atuações, precisamos falar do trio Lannister. Peter Dinklage parece cada vez mais confortável no papel de Tyrion, que enfrenta, pela segunda vez na série, a responsabilidade de ser A Mão da coroa. Lena Headey também não faz feio: sua Cersey está mais aterrorizante do que nunca, dando calafrios em cada cena que aparece e mantendo em xeque cada personagem que possa estragar qualquer ponto de seus planos. Mas, dos três, Nikolaj Coster-Waldau é o que mais merece aplausos (de mãos douradas). Seu Jaime está no maior conflito de sua vida e a atuação de Coster-Waldau é perfeita, a ponto de fazer o Regicida o melhor personagem da temporada.
Em relação aos acontecimentos da série, fica claro que os produtores da HBO estão extremamente atentos às redes sociais e se deixaram ser influenciados por diversas teorias e pedidos que fãs fizeram pela internet. Esse zelo pelo fan-service acabou tornando a temporada num bolo de acontecimentos gigantescos, porém previsíveis.
Palmas douradas para Nikolaj Coster-Waldau e seu Jaime Lannister |
É claro, a brilhante batalha em Além da Muralha ou a primeira vitória Targaryen em Espólios da Guerra tornaram-se grandes momentos da série, talvez comparáveis à Batalha dos Bastardos ou o Casamento Vermelho, mas, no geral, poucos são os acontecimentos da temporada que realmente devem significar algo para o ano seguinte e quase todos ocorrem nos apressados dois episódios finais.
A temporada serve também como um ponto de virada para a série: se até agora presenciávamos intrigas políticas e guerras medievais em um cenário de fantasia, em 2017 o programa mergulhou de vez na magia, com dragões e zumbis marcando presença em todos os episódios e deixando claro que “quebramos a roda” que vinha girando até agora.
No geral, não se pode dizer que a 7ª temporada de Game of Thrones foi ruim. Muito pelo contrário: os efeitos visuais estão mais deslumbrantes do que nunca, as atuações foram quase todas perfeitas e os diálogos foram, além de importantes, brilhantemente escritos. A série sofreu, porém, com um ritmo apressado, o que causou a sensação de vazio extremo ao final do último episódio. Numa temporada em que basicamente tudo o que queríamos aconteceu, é triste dizer que poucas são as coisas que realmente serão lembradas.