Séries & TV

Crítica: Game of Thrones – 7ª Temporada traz visual cinematográfico e ritmo acelerado

Temporada curta deixa roteiros apressados reféns de fan-service

Existem algumas séries que, mesmo quando não são geniais, são acima da média. Game of Thrones, em sua 7ª temporada, é um exemplo disso. Ao diminuir o número de episódios de 10 para 7, o sétimo ano sofreu em ritmo e acabou se tornando um festival de fan-service, confirmando diversas teorias espalhadas pela internet.


Depois de uma retomada de folego surpreendente na sexta temporada, muitas expectativas foram criadas em torno do sétimo ano, principalmente após confirmações do reencontro dos Starks sobreviventes e da chegada de Daenerys (Emilia Clarke) a Westeros.

O que se viu em tela, porém, foram episódios que, apesar do talento dos atores e da equipe técnica, amontoaram diversos acontecimentos em poucos parágrafos de roteiro, fazendo com que momentos importantes se tornassem facilmente esquecíveis em meio à confusão de fatos transmitidos, como as primeiras duas derrotas de um dos principais exércitos da Guerra dos Três Reis sendo completamente esquecidas ao fim da temporada.

Daenerys finalmente chegou a Westeros com seu exército
Paradoxalmente, alguns núcleos tornavam-se lentos e pareciam se arrastar sem necessidade, com uma atenção e preciosismo que, por vezes, pareciam desnecessários. A estadia de Jon Snow (Kit Harington) em Pedra do Dragão, por exemplo, tomou quase toda a temporada, enquanto Daenerys e Cersey (Lena Headey) derrubavam castelos e navios com seus exércitos em ritmo avassalador.

Assim como o irmão, Sansa (Sophie Turner), presa em Winterfell, tem uma temporada falha: a escolha de torná-la uma nova jogadora do Jogo dos Tronos é ótima, mas o ritmo e a maneira como o roteiro abordava a personagem fez com que ela retrocedesse da mulher forte que derrotou Ramsey Bolton (Iwan Rheon) na sexta temporada. A atuação pouco inspirada de Turner também não ajudou no quesito.

Sansa e Sophie Turner apareceram pouco inspiradas em 2017
Falando em atuações, precisamos falar do trio Lannister. Peter Dinklage parece cada vez mais confortável no papel de Tyrion, que enfrenta, pela segunda vez na série, a responsabilidade de ser A Mão da coroa. Lena Headey também não faz feio: sua Cersey está mais aterrorizante do que nunca, dando calafrios em cada cena que aparece e mantendo em xeque cada personagem que possa estragar qualquer ponto de seus planos. Mas, dos três, Nikolaj Coster-Waldau é o que mais merece aplausos (de mãos douradas). Seu Jaime está no maior conflito de sua vida e a atuação de Coster-Waldau é perfeita, a ponto de fazer o Regicida o melhor personagem da temporada.

Em relação aos acontecimentos da série, fica claro que os produtores da HBO estão extremamente atentos às redes sociais e se deixaram ser influenciados por diversas teorias e pedidos que fãs fizeram pela internet. Esse zelo pelo fan-service acabou tornando a temporada num bolo de acontecimentos gigantescos, porém previsíveis.

Palmas douradas para Nikolaj Coster-Waldau e seu Jaime Lannister
É claro, a brilhante batalha em Além da Muralha ou a primeira vitória Targaryen em Espólios da Guerra tornaram-se grandes momentos da série, talvez comparáveis à Batalha dos Bastardos ou o Casamento Vermelho, mas, no geral, poucos são os acontecimentos da temporada que realmente devem significar algo para o ano seguinte e quase todos ocorrem nos apressados dois episódios finais.

A temporada serve também como um ponto de virada para a série: se até agora presenciávamos intrigas políticas e guerras medievais em um cenário de fantasia, em 2017 o programa mergulhou de vez na magia, com dragões e zumbis marcando presença em todos os episódios e deixando claro que “quebramos a roda” que vinha girando até agora.

No geral, não se pode dizer que a 7ª temporada de Game of Thrones foi ruim. Muito pelo contrário: os efeitos visuais estão mais deslumbrantes do que nunca, as atuações foram quase todas perfeitas e os diálogos foram, além de importantes, brilhantemente escritos. A série sofreu, porém, com um ritmo apressado, o que causou a sensação de vazio extremo ao final do último episódio. Numa temporada em que basicamente tudo o que queríamos aconteceu, é triste dizer que poucas são as coisas que realmente serão lembradas.


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